Portugal vai apoiar com 250 mil euros duas organizações não governamentais que estão a operar no norte de Moçambique, na zona mais afetada pelos recentes ataques terroristas.
Uma verba que, segundo o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André, vai servir para ajudar famílias de acolhimento, mulheres e crianças.
“Isto é um instrumento de resposta rápida (IRR). Ele foi lançado a semana passada, houve candidaturas num prazo de 72 horas e, a partir deste momento, as ONGD’s poderão começar a implementar os projetos e a receber o cofinanciamento que lhe será pago pelo instituto Camões”, explicou o governante à Renascença.
De acordo com secretário de Estado, no âmbito do IRR, foram apresentados cinco projetos, por cinco Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD) nacionais, tendo sido selecionados os projetos da HELPO e da OIKOS.
“O projeto da Helpo tem por objetivo melhorar a segurança alimentar às famílias deslocadas na cidade de Pemba, no bairro de Mahate, com a entrega de kits de sobrevivência e rastreios nutricionais a mulheres grávidas e crianças. É um projeto com o qual a Helpo pretende apoiar diretamente mais de 7000 crianças, quase 80 mulheres e 460 famílias de acolhimento”, adianta Francisco André.
Já o projeto da Oikos, segundo o secretário de Estado, “é no distrito de Montepuez, visa a distribuição de elementos e bens essenciais na área da higiene e da preparação de alimentos também às famílias que estão deslocadas e às famílias de acolhimento que recebem pessoas deslocadas”.
A decisão de apoiar Moçambique foi tomada face ao agravamento da situação humanitária na província de Cabo Delgado.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.
O mais recente ataque foi feito em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.
As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar, por tempo indeterminado, o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expetativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.