O Governo chinês afirmou esta quarta-feira que a "repressão" contra a aplicação de vídeos curtos TikTok nos Estados Unidos é um tiro de intimidação, que acabará por "sair pela culatra".
A reação das autoridades chinesas surge numa altura em que a Câmara dos Representantes discute um projeto de lei que obrigaria a empresa chinesa ByteDance, proprietária do TikTok, a vedar a aplicação no espaço de 180 dias. Caso contrário a 'app' seria proibida nos EUA, onde afirma ter cerca de 150 milhões de utilizadores mensais ativos.
Proibir a aplicação "vai minar a confiança dos investidores internacionais (...) o que acabará por fazer com que os Estados Unidos deem um tiro no próprio pé", advertiu o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, condenando a "intimidação" contra o TikTok.
Em conferência de imprensa, o porta-voz acusou os EUA de adotarem táticas de intimidação em vez de "competirem de forma justa" e de "nunca terem encontrado provas de que o TikTok ameaça a sua segurança nacional".
Wang afirmou que o comportamento dos EUA "perturba as operações comerciais normais, prejudica a confiança dos investidores internacionais no ambiente de investimento e destrói a ordem económica e comercial internacional".
De acordo com um relatório do Gabinete do Diretor da Inteligência Nacional dos EUA, o Governo chinês utilizou contas TikTok para prejudicar os candidatos dos partidos Democrata e Republicano durante as eleições de 2022, nas quais os Democratas se saíram melhor do que o esperado, mantendo o Senado e perdendo a Câmara por alguns lugares.
O relatório também advertiu que Pequim poderá tentar influenciar as eleições de novembro, nas quais o presidente democrata Joe Biden enfrentará novamente o ex-presidente republicano Donald Trump (2017-2021).
Alguns críticos acusaram a Bytedance de ter ligações ao Partido Comunista Chinês (PCC), embora o TikTok negue tais alegações, dizendo que não censura conteúdos nem dá ao Governo chinês acesso aos seus dados.
Na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, criticou os EUA por continuarem com "táticas de repressão contra a China", apesar do desanuviamento das relações entre as duas potências nos últimos meses.