A pergunta não é o que o PAN pode vir a fazer pelo PS ou PSD, mas o que o PS e PSD pode fazer pelo PAN. Inês Sousa Real defende, na Renascença, que, num cenário em que o partido esteja na posição de garantir uma maioria parlamentar, terão que ser socialistas e sociais-democratas a aproximarem-se do PAN.
"Terá que ser perguntado a Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro até onde estão dispostos a ir para acompanhar as preocupações do PAN nas suas causas e nos seus valores, nomeadamente na proteção animal, nas questões ambientais e nos direitos humanos".
"Isto não é uma oferta de casamento, não estou à espera do dote. Mas, se houver um bom dote, digamos, para as nossas causas, o PAN não dirá, evidentemente, que não àquilo que faça avançar as suas causas", acrescenta.
Uma coisa é certa: o PAN "não está disponível para viabilizar qualquer solução governativa que dê apoio ou a mão ao Chega". "Não estamos disponíveis para alimentar a extrema-direita", assegura Inês Sousa Real.
Quanto à questão dos subsídios de risco que foram atribuídos apenas à Polícia Judiciária, Inês Sousa Real defende estar do lado da GNR e PSP, considerando injusta a excepção. E vai mais longe: defende o alargamento deste subsídio aos bombeiros.
"Não podemos olhar apenas para as forças policiais, mas também temos que olhar, por exemplo, profissões de risco como os bombeiros, que lembramo-nos deles no verão - e não apenas pelos calendários mas, como é evidente, por causa dos incêndios".
"Acabamos por não ter esse cuidado durante todo o ano e pensar que estamos a falar de profissões de risco, que também deveriam estar incluídas neste subsídio", assevera.
O partido continua preocupado com a exploração de lítio e "fará tudo para travar concessões". A garantia foi dada esta quinta-feira por Inês Sousa Real, entrevistada na Renascença, n'As Três da Manhã.
O Bloco de Esquerda trouxe novamente o assunto à baila recentemente por causa da exploração da concessão mineira da serra da Argemela e, perante o sucedido, Inês Sousa Real reiterou que o seu partido "há muito que contesta a exploração de lítio".
"Seja pela questão da ausência da avaliação do impacto ambiental que tenha medidas que, de facto, valorizem a questão do património natural", explica.
"Não nos podemos esquecer que, a par do prejuízo que vai haver para as populações, muitos destes projetos põem em causa a destruição de valores naturais, de espaços verdes", relembra, salientando a necessidade de proteger, igualmente, o lobo ibérico, que também pode ser afetado.
"Bem sei que, muitas vezes, é uma espécie um pouco estigmatizada no nosso país, mas precisamos do lobo ibérico para termos uma espécie que é icónica, mas também o equilíbrio do ecossistema", reitera.
Inês Sousa Real respondeu às questões da jornalista Susana Madureira Martins e, depois, foi alvo do "Desculpa, mas vais ter de Perguntar", com a Joana Marques, Inês Lopes Gonçalves e Ana Galvão.
Esta é a segunda de uma série de entrevistas aos líderes partidários com assento parlamentar, a caminhos das eleições legislativas. Pode recordar aqui a primeira entrevista da série, feita a Rui Tavares.
Esteja atento/a e saiba quando serão feitas as restantes entrevistas, no site da Renascença.
[Notícia atualizada às 12h20 de 18 de janeiro de 2024]