Mais de 100 aderentes do Bloco de Esquerda pediram à Comissão Política a convocação da XIII Convenção Nacional até junho, antecipando assim um ano a reunião magna bloquista, para discutir a situação atual do Bloco para os próximos dois anos, e eventualmente realizar eleições internas. No entanto, essa proposta foi chumbada esta quarta-feira à noite, pela Comissão Política do partido.
Entre os cerca de 130 militantes bloquistas que assinaram este "apelo à convocação de uma Convenção Nacional", ao qual à agência Lusa teve acesso, estão nomes como o histórico Mário Tomé, os ex-deputados Pedro Soares e Carlos Matias, bem como a antiga presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, Ana Cristina Ribeiro.
O objetivo desta antecipação era "definir democraticamente a orientação política do Bloco para os próximos dois anos", depois do "ciclo de perdas eleitorais do Bloco de Esquerda, que culminou com a derrota eleitoral das recentes eleições legislativas".
A notícia surge hoje, mas fonte do Bloco de Esquerda já veio explicar que a proposta foi recusada ontem à noite, pela Comissão Política do partido. Numa mensagem enviada às redações, o Bloco de Esquerda considera que "falta nesta proposta uma explicação da mudança de posição de quem a faz".
O Bloco justifica que, em fevereiro, na reunião da Mesa Nacional, as pessoas que pedem agora a antecipação da Convenção, não o fizeram nessa reunião. O partido insiste que o momento para refletir a estratégia do Bloco de Esquerda é na Conferência Nacional que está agendada para o final do mês de abril.
Na mensagem, o Bloco de Esquerda defende que antecipar a Convenção iria prejudicar "os prazos regulamentares do debate interno" e seria "um grande favor ao governo do PS" de maioria absoluta, já que iria interferir com os primeiros meses da legislatura que se aproxima.
"O objetivo desta proposta é paralisar o Bloco num processo de substituição de direção", atira o Bloco de Esquerda nesta mensagem. O partido acusa os opositores internos de quererem "trazer ao Bloco uma cultura política que nunca foi a nossa: a avaliação de orientações e dirigentes pela bitola eleitoral".
A proposta é assim recusada. Quanto às reflexões sobre o rumo político e sobre os resultados eleitorais, o Bloco de Esquerda defende que devem ser feitas na próxima Conferência Nacional, no dia 30 de abril.