O comentador da Renascença João Duque encara como "normal" o facto de os portugueses recorrerem às poupanças dos PPR para pagar a prestação da casa ou amortizar o crédito à habitação.
Em 2023, as famílias tiraram mais de 1,2 mil milhões de euros dos PPR, um montante que fica 51% acima do registado no ano anterior.
“É o resultado do ano de 2023, para a maioria das famílias”, diz João Duque, lembrando que “a remuneração média por trabalhador subiu 2,3%, mas a inflação subiu 4,3”.
Para o economista, é normal que as pessoas sintam que os preços sobem mais do que a remuneração, pelo que ficam com dificuldades.
Se colocarmos em cima disto “aqueles que pagavam uma prestação para amortização da sua dívida à casa, então aí, a subida foi ainda mais explosiva e, portanto, o rendimento disponível fica muito, muito curto. Há que fazer contas à vida ou tomar decisões”, observa o comentador no seu espaço d’As Três da Manhã .
João Duque relembra que “muitas pessoas, muitas famílias foram aos bancos tentar renegociar os spreads, os montantes a pagar taxas, etc, ou até as maturidades para tentar baixar a prestação mensal” e muitas aproveitam também uma possibilidade que a lei lhes dava - retirarem as poupanças acumuladas em PPR.
“Muita gente que tinha aquele dinheirinho ali parado, pensou, ‘em vez de eu estar a receber ali uma taxa de um ou 2 ou 3%, porque é que eu não amortizo uma dívida que me está a cobrar 4 ou 5%?’”, acrescenta.