A Cáritas Diocesana de Lisboa duplicou ajudas no último ano. Em 2019, prestou apoios da ordem dos 300 mil euros e, desde o início da pandemia, os apoios já vão nos 740 mil euros.
Os números são revelados à Renascença pelo presidente da Cáritas de Lisboa, almirante Luis Fragoso, que adianta que se estão “a empenhar reservas para chegar às pessoas”.
Na semana da Cáritas, o presidente desta instituição do Patriarcado de Lisboa presta contas e revela que “se em 2019 concedemos apoios na ordem dos 300 mil euros, este ano, desde que começou a pandemia, mais do que dobramos os valores desses apoios”.
“Nós já demos quase 740 mil euros e, até agora, a tudo aquilo que nos tem sido solicitado e que se encontra dentro daquilo que são os critérios de apoio temos conseguido responder”, sublinha o almirante Luís Fragoso.
O responsável diz que “isso também se deve muito aos apoios que as pessoas muito generosamente nos têm vindo a dar”, apesar de que, “por exemplo, os donativos que recebemos neste mesmo período estiveram num valor de 392 mil euros” e que, portanto, “todas as reservas que temos estão a ser empenhadas até ao limite para chegar às pessoas".
"Tínhamos, realmente, algumas reservas e temos que ter sempre em conta que as emergências podem surgir como foi aqui o caso de um momento para o outro, e, portanto, as reservas também servem para fazer face a essas necessidades."
De acordo com o presidente da Caritas de Lisboa, “até ao momento, tem sido possível resolver grande parte das situações”, relacionadas com o “maior incremento ao nível do combate à fome”.
"Na fase anterior, o combate à fome estava controlado”, mas “de repente, houve aqui uma verdadeira explosão de necessidades, e até o próprio banco alimentar, numa primeira fase, teve de criar um programa de emergência que nós também apoiamos".
O +residente da Cáritas de Lisboa reconhece a importância do peditório anual para ajudar a dar resposta às solicitações, sublinha o importante papel das parcerias estabelecidas, assim como outras modalidades de apoio, mas defende também a necessidade de o Estado reforçar a cooperação porque "se as IPSS forem à falência, isso significa uma rutura social brutal".
"Estou a pensar, aqui, apenas no Patriarcado de Lisboa, em que existem muitas instituições com um conjunto vasto de valência, uma rede enorme de lares e centros de dia."
“O reforço do Estado seria muito importante e penso que esse é um assunto que está a ser equacionado pelo Governo”, sublinha.
Não havia caso com a Justiça
Ultrapassada está a situação com a Justiça em que a Cáritas de Lisboa se viu envolvida no ano de 2017. O almirante Luis Fragoso garante que a Cáritas de Lisboa "foi vitima de uma situação" e assegura que "não havia nenhum caso".
“Posso dizer que a Cáritas não teve nenhuma interferência direta, ou seja, foi vitima de uma situação”, garante o responsável para mais adiante explicar o sucedido: “O que se verificou é que havia uma herança de uma senhora que doou todos os seus bens à Cáritas e houve quem entendesse que a Cáritas não os devia ter. E criou-se todo um ruído de fundo que teve um impacto terrível a nível reputacional desde logo, e também na própria herança porque um dos elementos dessa herança era um edifício que tinha um recheio importante e que por força do arrastar do processo levou à sua deterioração e vandalização, o que originou um significativo prejuízo."
"São situações muito desagradáveis, mas, graças a Deus, está tudo ultrapassado”, aponta.
Luís Fragoso assegura que “a Cáritas está a fazer um esforço muito grande no sentido de fazer chegar o máximo de apoios às paróquias e a quem necessita através delas”.
"É essa a missão que nos mobiliza”, reforça, garantindo que se tem procurado “empenhar o menos possível em custos de estrutura, tudo fazendo para se ter uma estrutura o mais leve possível e dar o máximo daquilo que nos é atribuído para chegar a quem necessita”.
Quanto ao caso de Março de 2017, o presidente da Cáritas Diocesana de Lisboa reitera que “isso foi totalmente analisado e visto, e está totalmente resolvido porque não havia caso. A verdade é esta”.