Um rapaz palestiniano é uma das primeiras pessoas feridas na guerra entre Israel e o Hamas a ser retirada da Faixa de Gaza para os Emirados Árabes Unidos para receber tratamento médico de urgência.
O rapaz, que foi transportado em maca para um avião com destino a Abu Dhabi, no âmbito de uma missão humanitária organizada pelo país, chegou a meio da noite ao aeroporto egípcio de Al-Arich, perto do posto fronteiriço de Rafah, a única abertura para a Faixa de Gaza que não está nas mãos de Israel.
Juntamente com outras oito crianças feridas, algumas acompanhadas pelas famílias, o rapaz esperou na parte de trás de uma das seis ambulâncias amarelas estacionadas perto da pista de aterragem, com as luzes azuis a piscar.
Das crianças feridas, uma tem uma fratura na coluna, outra uma perna partida, algumas sofrem de queimaduras e outra precisa de tratamento de urgência para o cancro.
Uma plataforma elevou as macas, colocou-as na parte de trás do avião e seguiu para Abu Dhabi, a capital dos Emirados Árabes Unidos.
Este é o primeiro grupo de crianças palestinianas feridas em Gaza a ser retirada para os Emirados Árabes Unidos desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada por um ataque sem precedentes do movimento palestiniano em solo israelita a partir da Faixa de Gaza, em 7 de outubro.
O ataque causou 1.200 mortos do lado israelita, a maioria dos quais civis mortos no próprio dia, segundo as autoridades israelitas.
Em represália, Israel, que prometeu "aniquilar" o Hamas, não pára de bombardear a Faixa de Gaza.
Segundo os números mais recentes do governo do Hamas, 16 mil palestinianos foram mortos na sequência dos bombardeamentos israelitas.
A contagem anterior das autoridades palestinianas dava conta de perto de 12 mil mortos, entre os quais cinco mil crianças, e cerca de 30 mil feridos, 70 por cento dos quais menores, mulheres e idosos.
O grupo de crianças chegou a Abu Dhabi hoje ao início do dia e foi levado para hospitais dos Emirados para receber tratamento.
Um total de 1.000 crianças será transportada para o país do Golfo para receberem assistência médica.
Duas outras crianças gravemente feridas, que não puderam embarcar com o primeiro grupo, deverão chegar à capital dos Emirados num voo posterior.
"Gostaríamos de proceder a retiradas diárias, porque há feridos, hospitais fora de serviço e falta de medicamentos" em Gaza, declarou Mohammed Al Kaabi, do Crescente Vermelho dos Emirados, descrevendo a situação no território palestiniano como "catastrófica".
Espero que, durante a próxima semana, "tenhamos evacuado todos os que pudermos, porque o tempo está a esgotar-se e estamos a perder vidas", disse à AFP.
Ao chegar à pista do aeroporto de Abu Dhabi, um rapaz com uma perna enfaixada e um rosto cansado fez o sinal de "vitória" antes de ser transportado numa ambulância branca que o esperava. Outro rapaz, de três anos, com um biberão de leite na mão e a perna também enfaixada, chorava enquanto era empurrado numa cadeira de rodas.
Os Emirados Árabes Unidos, que normalizaram as relações com Israel em 2020, enviaram 51 aviões com 1.400 toneladas de alimentos e bens de primeira necessidade no âmbito de um programa de ajuda de 20 milhões de dólares, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Os hospitais de Gaza, que já estão mal equipados devido ao bloqueio israelita desde que o Hamas tomou o poder no território em 2007, carecem de material de base e não conseguem fazer face ao elevado número de feridos na guerra.