Diversidade é a palavra que define a embaixada de criadores com que Lisboa se apresentará em Buenos Aires para a Feira do Livro, que decorrerá de 25 de abril a 13 de maio. A cidade é este ano a convidada de honra daquela que é uma das cinco maiores feiras do livro do mundo.
Com a curadoria de Carla Quevedo, a delegação portuguesa integra escritores de diferentes géneros, mas também ilustradores e músicos. Entre os nomes conhecidos esta quinta-feira, numa conferência de imprensa que decorreu na Biblioteca do Palácio Galveias constam escritores como Lídia Jorge, Isabela Figueiredo, Bruno Vieira Amaral, Afonso Cruz, Ricardo Araújo Pereira, José Luís Peixoto ou José Rodrigues dos Santos.
A programação, que começará a 24 de abril, com umas jornadas de ilustração e outras de tradução editorial foi divulgada esta quinta-feira. Na apresentação, o vereador da Cultura de Lisboa, Diogo Moura, explicou que a cidade levará para Buenos Aires cerca de 400 quilos de livros em português que estarão à venda na livraria que estará instalada no pavilhão de Lisboa e que se juntarão a outros títulos traduzidos em castelhano.
Nas palavras do autarca Carlos Moedas, esta representação será “uma oportunidade para Lisboa de internacionalização”. Em entrevista à Renascença, o presidente da câmara refere que será um momento para mostrar “a diversidade dos nossos autores”. Moedas explica que levarão “13 homens e 13 mulheres”.
“Lisboa Cidade Inspiração” é o mote desta representação com que a capital portuguesa se apresenta em Buenos Aires. E as atividades não se concentrarão apenas no recinto da feira, indica o autarca.
“Vamos ter atividades fora da feira que são importantes para a cidade. Levamos a Fundação José Saramago, temos uma exposição no congresso de deputados de Buenos Aires, vamos levar a Casa Fernando Pessoa, o cinema português e a música portuguesa”, detalhou Moedas.
Organizada pela Fundação El Libro, a Feira do Livro de Buenos Aires vai contar com programação também levada pelos parceiros que se associaram à iniciativa, desde logo a Casa Fernando Pessoa, a Fundação José Saramago, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Imprensa Nacional Casa da Moeda.
Em entrevista à Renascença, o vereador da Cultura da Câmara de Lisboa fala numa programação muito “eclética”.
“Vamos do romance à ficção, não ficção, ensaios, contos, até áreas que ficam normalmente arredadas para eventos específicos como a ilustração e a banda desenhada. Vamos ter ainda uma programação com um ciclo de cinema, com 8 filmes e dois documentários de realizadores portugueses e simultaneamente uma programação musical com seis conjuntos”, explicou.
Questionada pela Renascença sobre o que balanço espera fazer depois da feira, a curadora Carla Quevedo diz que “além de apresentar Lisboa e os autores portugueses”, quer também que “esses autores sejam traduzidos e que suscitem curiosidade junto do público argentino, fazendo com que os editores queiram traduzi-los”.
Alguns pontos da programação
A programação prevê, entre outras coisas, conversas com escritores, apresentações de livros, sessões de leitura, cinema, concertos, exposições ou oficinas de ilustração. Ricardo Araújo Pereira participa dia 30 de abril numa conversa com Miguel Rep sobre “Humor internacional” no stand da cidade de Lisboa. Antes ainda, dia 28 de abril, o escritor Afonso Cruz dá-se a conhecer ao publico argentino na conversa “Conheça o Autor”.
Nesse mesmo dia, José Rodrigues dos Santos conversa com o escritor argentino Alejandro Vaccaro sobre ficção e História e, no dia a seguir, apresenta o seu livro “O Segredo de Espinosa”.
Sobre Agustina Bessa Luís, que está traduzida e editada na Argentina numa editora independente, falarão Pedro Mexia e Matías Serra Bradford a 2 de maio, dia em que Lídia Jorge também se dará a conhecer ao público da feira numa conversa no pavilhão lisboeta.
Francisco José Viegas também estará na Argentina. Irá participar numa conversa em torno da literatura policial numa conversa com a escritora Claudia Piñeiro. Já Joana Bertholo apresentará o seu livro “História de Roma” e Isabela Figueiredo participará numa conversa com Júlia Barata, uma autora de Banda Desenhada que está a adaptar a obra de Isabela Figueiredo, “Caderno de Memórias Coloniais”.
Na música, destaque para o concerto que Rodrigo Leão dará na Usina de Arte, no qual o músico e compositor apresentará o espetáculo “Os Portugueses”. A esta programação musical juntam-se também Ana Lua Caiano que atuará a Sala Julio Cortázar a 5 de maio, o pianista Artur Pizarro que tocará no Teatro Colón a 6 de maio e os Expresso Atlântico que tocam a 9 de maio na Sala J. Hernández.
No cinema, a Buenos Aires, Lisboa leva obras como “Um Filme em Forma de Assim” de João Botelho, “Sophia, na Primeira Pessoa” de Manuel Mozos ou “Sombras Brancas” de Fernando Vendrell.
No âmbito das exposições, a Fundação José Saramago irá apresentar na Biblioteca do Congresso uma mostra em torno da Declaração de Deveres Humanos e da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Já a Gulbenkian apresenta na Biblioteca Nacional Mariano Moreno a exposição “Coleção de Livros de Artistas da Biblioteca de Arte da Fundação”.
A Feira do Livro de Buenos Aires não só é a quinta maior feira do livro do mundo, como é também a terceira maior da América Latina e a única que tem a particularidade de homenagear uma cidade ao invés de países.