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A audiência pública relativa ao processo de extradição para Portugal do "hacker" Rui Pinto está marcada para terça-feira, dia 5.
A sessão vai decorrer no Tribunal Metropolitano de Budapeste, às 10h15.
Rui Pinto aguarda a decisão em prisão domiciliária na Hungria, depois de ser acusado pela justiça portuguesa de seis crimes: dois de acesso ilegítimo, dois de violação de segredo, um de ofensa a pessoa coletiva e uma tentativa de extorsão.
FC Porto e Benfica não estão envolvidos nos crimes de que Rui Pinto é imputado. O único clube associado é o Sporting, que terá sido uma das vítimas de acesso ilegítimo à correspondência privada do departamento jurídico do clube leonino.
O fundo de investimento da Doyen Investment Sports é o principal visado nos crimes de acesso ilegítimo e extorsão. Rui Pinto terá contactado Nélio Lucas, um dos representantes da empresa em questão, e exigido um valor entre 500 mil euros e um milhão de dólares para não divulgar os e-mails a que teve acesso.
O jovem emigrante originário de Vila Nova de Gaia deu a jornalistas acesso a mais de 70 milhões de documentos, mas sempre negando que fosse um "hacker". O advogado William Bourdon diz que “não pode explicar” como Rui Pinto obteve a informação, mas garante que ele o fez “pelo amor que tem ao futebol”.
Já Paulo Sá e Cunha, advogado e penalista, diz à Renascença que, à partida, não há nada que impeça a extradição, uma vez que "não se verificam, no presente caso, obstáculos de Direito Constitucional ou limitações das penas aplicáveis no Estado que está a pedir a extradição".
"Portanto, eu diria que à primeira vista acharia estranho que a extradição não venha a ser concebida", conclui.