A presidente da Associação Nacional de Farmácias diz que a comparticipação exclusiva de medicamentos a doentes com determinadas patologias não está a ser feita.
Ema Paulino explica que as farmácias não têm acesso ao historial clínico e, por isso, a dispensa comparticipada é feita a qualquer utente com prescrição.
“Nas farmácias não temos acesso ao diagnóstico médico, portanto, não sabemos qual é a indicação médica para o qual aquele medicamento foi prescrito. Apenas temos indicação do medicamento que foi prescrito pelo médico e a posologia associada e fazemos essa dispensa sem termos conhecimento de qual é que é a indicação terapêutica”, esclarece.
As declarações de Ema Paulino surgem na sequência de denúncias sobre a falta do medicamento Ozempic, usado para o tratamento da diabetes tipo 2, nas farmácias. Este fármaco está indicado para o tratamento da diabetes, mas tem registado elevada procura por quem quer perder peso.
Há cerca de dois meses, à Renascença, o presidente do Infarmed assegurava que só os diabéticos teriam direito à comparticipação. “Essa medida já está a ser implementada no centro de prescrição para que a comparticipação seja exclusiva para os doentes diabéticos”, afirmou Rui Santos Ivo.
Esta terça-feira, no Parlamento, Ema Paulino confirmava que este medicamento continua a ser escasso. “Continuamos com a falta desse medicamento”, explica, acrescentando que estão “a gerir” para tentar que “quem já está a fazer este medicamento” consiga continuar o tratamento.
Além da falta de Ozempic, mais recentemente, tem-se verificado dificuldade de reposição nas farmácias de medicamentos como paracetamol, ibuprofeno e alguns xaropes para crianças.
Ema Paulino assegura que “não são falhas de medicamento que sejam contínuas” e que “tem havido capacidade de reposição”, admitindo, ainda assim, que “algumas pessoas podem não encontrar os medicamentos que necessitam”.