O sistema médico afegão está em colapso, afirmou esta segunda-feira o diretor-geral da Organização Internacional das Migrações (OIT), António Vitorino, durante a reunião das Nações Unidas sobre o Afeganistão, que decorre em Genebra.
António Vitorino ressalva que são muitas as dificuldades do país, desde água, comida a dinheiro, mas são sobretudo os cuidados médicos que se tornam nesta altura essenciais.
“Comida, dinheiro, água potável, abrigo, proteção, é o que temos estado a levar para o Afeganistão com a ajuda dos mais de 700 elementos da nossa organização. Mas há uma área onde a ajuda é essencial: ajuda médica. O sistema de saúde afegão está em colapso e fornecer ajuda de medicamentos é essencial, porque o número de casos de Covid-19 está a aumentar.”
Neste encontro promovido pela ONU, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Gebreyesus, pediu também ajuda para mais de 500 clínicas e hospitais que podem apoiar a população afegã.
Tedros Gebreyesus diz que são necessários mais de seis milhões de dólares para que a ajuda médica chegue a quase três milhões e meio de pessoas até ao final do ano.
“A nossa organização conseguiu identificar mais de 500 clínicas e hospitais que podem ajudar a população local. Para isso, precisamos de mais de seis milhões de dólares para que estas unidades medicas consigam apoiar perto de 3,4 milhões de pessoas até ao final do ano.”
A OMS pediu também ajuda às Nações Unidas para continuem a encontrar outras formas de levar apoio humanitário através de novas pontes aéreas e terrestres.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, abriu a conferência internacional alertando que o país enfrenta as suas "horas mais difíceis" e precisa de mais ajuda internacional para ultrapassá-las.
"É o momento de a comunidade internacional estar com eles", sublinhou Guterres, indicando que mesmo antes de os talibãs retomarem o poder no Afeganistão, o país já experimentava "uma das piores crises humanitárias do mundo".
A reunião ministerial internacional pretende recolher da comunidade internacional 606 milhões de dólares (cerca de 513 milhões de euros) - numa altura em que um em cada três afegãos "não sabe quando será a sua próxima refeição", frisou Guterres, e centenas de milhares de pessoas tiveram que abandonar as suas casas -- mas também reafirmar os direitos dos afegãos, ameaçados pelos talibãs, sobretudo os das mulheres.