O Banco Central Europeu vai aumentar em 0,5 pontos (50 pontos base) as suas três taxas de juro diretoras. Em comunicado, o BCE justifica esta subida para estar "em consonância com o seu forte compromisso de cumprimento do seu mandato de manutenção da estabilidade de preços".
"O Conselho do BCE decidiu proceder a um aumento de 50 pontos base das três taxas de juro diretoras do BCE", lê-se no comunicado disponível no site do BCE.
É a primeira subida das taxas de juro em 11 anos. Na nota agora disponível, lê-se que "a futura trajetória das taxas de juro diretoras definida pelo Conselho do BCE continuará a depender dos dados e ajudará a cumprir o objetivo de inflação de 2% a médio prazo".
Na mesma nota, o BCE revela que foi aprovado um novo Instrumento de Proteção de Transmissão (IPT), para ajudar a proteger os países e sistemas bancários mais vulneráveis às variações dos juros da dívida e evitar uma nova crise das dívidas soberanas.
Inflação indesejavelmente alta
Em conferência de imprensa, a governadora do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, revelou que as perspetivas são que "a inflação continue indesejavelmente alta por algum tempo".
Já sobre uma possível recessão, a presidente do BCE diz que não esperar uma recessão em 2022 nem em 2023, mas admite "que há nuvens no horizonte".
A presidente do BCE destacou ainda que a economia europeia continua a beneficiar de uma reabertura e que o turismo, por exemplo, vai ajudar na recuperação económica no terceiro trimestre do ano. Lagarde sinalizou ainda que "o mercado laboral mantém-se forte" e com níveis de desemprego baixos.
Questionada sobre se em setembro pode ser decidida uma nova subida das taxas de juro, Lagarde reafirmou que tudo vai depender das previsões que tiverem nessa altura.
O aumento das taxas de juro agora anunciado vai ter impacto direto, por exemplo, nos créditos para a compra de habitação.
Numa primeira reação, o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, admite que a subida das taxas de juro do BCE vão mexer com o bolso dos portugueses, mas não já.
Eurico Brilhante Dias, que falava no final da reunião semanal com os deputados socialistas, salientou que as medidas anunciadas ontem pelo primeiro-ministro no debate do estado da Nação, para aliviar os efeitos da inflação, serão apresentadas em setembro e entrarão em vigor precisamente na altura em que a subida das taxas de juro começam a produzir efeito em Portugal.