Alemanha vai fornecer armas à Ucrânia. Acontece pela primeira vez desde a Segunda Grande Guerra
27-02-2022 - 10:41
 • Marta Grosso com agências

O anúncio histórico foi feito pelo chanceler alemão no Bundestag, onde Olaf Scholz disse ainda que o país irá aumentar o orçamento para a Defesa em 2%, algo que não acontecia desde o século passado. Depois desta guerra, “o mundo não será o mesmo”, disse ainda.

A Alemanha quebrou a política que seguia há anos de não enviar material bélico para zonas de conflito e anunciou o envio de armas antitanque defensivas, mísseis terra-ar e munições à Ucrânia.

Depois de enfrentar críticas por se recusar a enviar armas para Kiev, ao contrário de outros aliados ocidentais, Olaf Scholz concretizou que Berlim irá fornecer à Ucrânia mil armas antitanque e 500 mísseis terra-ar Stinger.


"Não poderia haver outra resposta à agressão de Putin”, afirmou Scholz na sessão parlamentar extraordinária deste domingo dedicada à operação militar da Rússia contra a Ucrânia.

A Alemanha tem seguido uma política de não envio de armas para zonas de guerra, uma posição saída da Segunda Guerra Mundial. Scholz tem-se mantido firme nessa política até agora, mas decidiu mudar de rumo face aos acontecimentos na Ucrânia.

Nesse sentido, o chanceler alemão anunciou, neste domingo, no Parlamento, outra medida histórica: o aumento em 2% do orçamento para a Defesa, que a partir de agora conta com 100 mil milhões de euros.

“Teremos que investir mais na segurança de nosso país para proteger a liberdade e a democracia”, afirmou o chanceler alemão, num discurso em que foi aplaudido de pé.

“O mundo não será o mesmo”

Na opinião do chanceler alemão, a guerra na Ucrânia é um “ponto de viragem” na Europa. Numa intervenção, neste domingo de manhã, no Parlamento alemão, Olaf Scholz voltou a condenar a decisão do Presidente russo e disse que as sanções do Ocidente estão a funcionar.

"24 de fevereiro de 2022 marca um ponto de viragem na história do nosso continente. Com o ataque à Ucrânia, o Presidente russo, Vladimir Putin, lançou a sangue frio uma guerra de agressão. É desumano. É contrário ao Direito Internacional. Nada e ninguém pode justificar isso”, começou por afirmar perante os deputados alemães.

“O mundo não será o mesmo”, mas “a questão central é se podemos permitimos que Putin volte o relógio para o século XIX ou se reunimos forças para impor limites a belicistas como Putin”, destacou.

E a realidade tem de ser encarada: “Putin não mudará de rumo da noite para o dia. Mas muito em breve a liderança russa sentirá o alto preço daquilo que está a fazer. Só na última semana, os valores do mercado das ações russas caíram mais de 30%. Isso mostra que as nossas sanções estão a funcionar. E reservamo-nos o direito de mais sanções sem qualquer reserva”, avançou.

Olaf Scholz classificou o pacote de sanções anunciado no sábado como uma medida “sem precedentes”.