Apesar das dificuldades no arranque do Banco Português de Fomento (BPF), Celeste Hagatong está confiante na consolidação do banco em 2024.
A expectativa foi assumida, esta sexta-feira, pela presidente do conselho de administração do BPF que, a esta altura, e apesar da pouca procura, tem já disponíveis as verbas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“Posso dizer que paticamente todas verbas do PRR estão todas disponíveis. Precisamos agora é de procura”, apelou Celeste Hagatong, que reconheceu que “a altura é difícil” porque o que está previsto para este ano é “uma estabilização do investimento privado”, o que torna difícil a procura pelos fundos, apontou. Ainda assim, “nós não desistimos”, garantiu.
Mas se há pouca procura, Celeste Hagatong aponta o dedo à falta de “literacia financeira” no tecido empresarial. Para a antiga administradora do Banco BPI, deveria ter havido, antes do lançamento destes programas, “alguma literacia financeira para explicar melhor as condições das empresas para se aproximarem deste investidos institucionais”. “Coisa que não foi feita”, lamentou.
“Vamos ter uma atitude pró-ativa”
Nesse sentido, e até para esclarecer eventuais ideias erradas junto dos empresários, a presidente do conselho de administração prometeu um banco “mais próximo das empresas”. “Vamos ter uma atitude pró-ativa”, garantiu. “Queremos desafiar as empresas e chamá-las atenção para estes fundos. Porque só temos procura se houver investimento”, explicou.
Sobre o futuro, Celeste Hagatong acredita que 2024 será o ano de consolidação da instituição. “O que gostaríamos é ter em 2024 um banco de fomento à séria”, admitiu a responsável, que adiantou que uma das apostas será a criação de programas de apoio à internacionalização das empresas .
“Os instrumentos de internacionalização vão ser um ponto importante para o nosso plano estratégico. É uma área que gastaríamos imenso de ver desenvolvida no banco”, admitiu.
Sobre os cinco meses desde que assumiu a presidência do conselho de administração, Celeste Hagatong admite que têm tido “várias dificuldades”. Uma “tarefa enorme”, diz administradora, que “ainda não está completa”.
O BPF foi criado em 2020 e “com um capital social muito baixinho”. “Foi constituído com 255 milhões de euros de capital e, entretanto, reforçado com mais 250 milhões. Se formos a Espanha ver o Instituto de Crédito Oficial (ICO) tem 4 mil milhões de euros de fundos próprios”, apontou. “Um banco pode fazer mais ou menos mediante os seus capitais próprios, portanto, vamos ser modestos na ambição, mas capazes de chegar lá”, rematou.
A presidente do conselho de administração do BPF foi a convidada, esta sexta-feira, do “Conversas na Bolsa”. Uma iniciativa promovida pela associação empresarial portuense que decorreu no Palácio da Bolsa, no Porto.
Resultado da fusão de sociedades financeiras de apoio à economia, o Banco Português de Fomento tem como principal objetivo o apoio ao desenvolvimento económico e social do país através da criação e da disponibilização de soluções financeira para o tecido empresarial português.