As medidas de coação decididas pelo juiz de instrução Pedro Miguel Vieira, no âmbito da Operação Pretoriano, serão conhecidas na tarde de quarta-feira, revela Cristiana Carvalho, advogada do arguido Fernando Saul.
"As medidas de coação sairão amanhã, a partir das 16h00. Não sei se serão às 16h00, será a qualquer hora, entre as 16h00 e as 18h00", afirmou aos jornalistas a causídica, que representa o oficial de ligação dos adeptos do FC Porto, em declarações à saída do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto.
A mesma informação foi confirmada à Lusa por fonte judicial, num dia em que houve a promoção do Ministério Público (MP) e os advogados apresentaram as respetivas posições, antes de o juiz de instrução decretar as medidas de coação.
De acordo com a mesma fonte, o juiz Pedro Miguel Vieira ordenou hoje a libertação de seis dos arguidos que ainda se encontravam detidos e sobre os quais o MP não pediu medidas de coação privativas da liberdade.
Nesse lote está incluída Sandra Madureira, mulher de Fernando Madureira e vice-presidente dos Super Dragões, uma das claques do FC Porto, que não quis prestar declarações.
No sábado, as diligências haviam terminado com as saídas em liberdade de Tiago Aguiar, outro dos funcionários do FC Porto envolvidos no processo, António Moreira de Sá e Carlos Nunes, mais conhecido por "Jamaica", tendo levado, na altura, o número de detidos a baixar de 12 para nove.
Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, e Hugo Carneiro ("Polaco"), sobre os quais o MP pediu prisão preventiva, e Vítor Catão, adepto do FC Porto e antigo presidente do São Pedro da Cova, que pode enfrentar prisão domiciliária com pulseira eletrónica, ficam detidos a aguardar a aplicação de medidas de coação.
Na quarta-feira, a PSP deteve 12 pessoas - incluindo dois funcionários dos "dragões" e o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira -, no âmbito da Operação Pretoriano, que investiga os incidentes verificados numa Assembleia Geral (AG) extraordinária do clube.
De acordo com documentos judiciais, aos quais a agência Lusa teve acesso, o Ministério Público sustenta que a claque Super Dragões pretendeu "criar um clima de intimidação e medo" na AG do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, na qual houve incidentes, para que fosse aprovada a revisão estatutária, "do interesse da atual direção" "azul e branca".
A Procuradoria-Geral Distrital do Porto divulgou que estão em causa "crimes de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo ou em acontecimento relacionado com o fenómeno desportivo, coação e ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda atentado à liberdade de informação".