Autarca de Odemira pede "bom senso" ao Governo para que reveja matriz de risco
26-05-2021 - 23:06
 • Pedro Filipe Silva

José Alberto Guerreiro alerta que continuam a chegar ao concelho pessoas para trabalhar na agricultura sem teste de despistagem à Covid-19. "Alguns dos que chegam têm testado positivo", sublinha.

Em vésperas de mais Conselho de Ministros que decide quem avança e quem recua no desconfinamento, o presidente da Câmara de Odemira apela ao bom senso do Governo para que o concelho possa avançar no desconfinamento e pede uma revisão da matriz de risco.

Questionado pela Renascença sobre se os casos no concelho ainda se concentram maioritariamente entre a população migrante, José Alberto Guerreiro diz ter dificuldades em responder a essa questão.

Sabe se os casos continuam a ter origem nos migrantes que vêm trabalhar para a agricultura?

Essa é uma situação sempre difícil de colocar, porque a Autoridade de Saúde tem indicações superiores para não particularizar os dados relativos às infeções.

No entanto, num meio que é muito menor do que outros centros urbanos do país, é sempre possível ir aferindo quais serão as maiores origens. Portanto, estamos em condições de dizer que a maior frequência de origens continua a ser junto da população migrante que vive, como todos sabemos, algumas situações difíceis em termos de alojamento.

Por isso, foi criada a task-force e estamos no terreno a atuar. Mas também a coincidência com o pico das colheitas da altura em que vêm muitos migrantes para cá de outras regiões e, até de fora do país, sempre alertámos para a necessidade de ser efetuada uma testagem na origem. O que verificamos, infelizmente, é que continua a não ser garantida essa testagem na origem e alguns dos que chegam têm testado positivo. Portanto, continuamos a não concordar com este modelo de gestão da pandemia, porque enquanto não houver uma atitude severa com aqueles que admitem este procedimento, aquilo que estava acertado com as entidades do setor agrícola é que haveria uma testagem antes de serem colocados ao serviço. Neste momento ninguém consegue garantir-me que assim é. Dificilmente, sairemos desta drama se não forem alterados os critérios ou alteradas as regras.

Por isso, esta quinta-feira, não espera grandes novidades: vai continuar tudo na mesma em Odemira?

Aquilo que espero é, mais uma vez, que haja bom senso. A população que cá está é significativamente superior àquela que é considerada para efeito dos cálculos.

A população que está a chegar é uma população, também, muito significativa face ao pico das colheitas. As populações que estão infetadas estão identificadas pelas autoridades de saúde e essas pontes de contaminação estão a ser perfeitamente aniquiladas.

Portanto, julgo que é possível ter algum bom senso e julgo que está na altura de entrarmos no critério de risco com a vacinação, portanto espero que o acelerar da vacinação seja para que estes critérios possam ser reconsiderados e possamos vir a considerar uma coisa que é óbvia em Odemira: não há nenhum caso seriamente grave, nem nenhum falecimento. As infeções muito dificilmente atingirão o nível zero, porque a vida continua e, por outro lado, estão sempre, mas sempre, a pagar os mesmos: os que têm os pequenos comércios, os negócios de construção, as atividades dos serviços. Esses, quase inexplicavelmente, sofrem todos os dias, todas as semanas esta situação há vários meses.

Portanto, socialmente, esta pressão é injusta e temos de analisar este contexto a nível local e a nível nacional.