O Banco de Portugal reviu em baixa o crescimento da economia para este ano e o próximo. Números mostram que está mais pessimista que o Governo e Bruxelas.
Segundo o Boletim Económico de Dezembro, o país deve crescer 2,1% este ano e em 2019 não deverá ir além dos 1,8% - valores que ficam entre duas e quatro décimas aquém das previsões do Executivo.
As empresas estão a produzir e a investir, sobretudo em maquinaria, e a tendência é para que a atividade económica cresça, mas agora a um ritmo menor.
Segundo o Banco de Portugal, a economia a partir deste ano vai crescer em desaceleração, deverá chegar a 2,1% do Produto Interno bruto, a riqueza produzida, caindo em 2019 para 1,8%.
O regulador prevê ainda que continue a perder uma décima por ano, até chegar a 1,6%, em 2021.
A pressionar as contas do país está a revisão em baixa das exportações, com a introdução de informação recente como a dificuldade da Autoeuropa em retirar os veículos do país, o novo regime de emissões nos automóveis e as paragens este ano na refinaria de Matosinhos.
O impacto do Brexit é afastado pelo regulador, uma vez que esta desaceleração das exportações é recente, e o mercado já começou há algum tempo a reagir à saída do Reino Unido da União Europeia.
Turismo mantém papel de alavanca?
O Banco de Portugal continua a projetar um forte crescimento do Turismo nos próximos anos, acima do total das exportações, alimentado pelo aumento dos turistas e da atividade.
Neste sector, o país tem tido um desempenho superior, a nível mundial e mesmo na Europa do sul, só superado pela Itália e Espanha, e com margem para crescer.
Está a competir com destinos que apostam em preços mais baixos, mas deve apostar na qualidade, como valor acrescentado, para fidelizar os visitantes e aumentar a receita média por turista. Segundo o regulador, este é o caminho para o turismo de negócios.
Esta é só mais uma faceta das pessoas que procuram Portugal nos últimos anos, estamos a assistir a uma mudança estrutural, a um novo turismo urbano, que reforçou a reabilitação, diminuiu o desemprego na construção, impôs novas políticas na habitação, mexe com a acessibilidade.
O Banco de Portugal alerta que é preciso captar esta economia sem criar fenómenos de hostilidade, o custo de entrada neste mercado é alto, mas o risco de saída rápido é enorme.
Alertas e recomendações
As famílias têm dificuldade em poupar e não há indicação de melhorias nos próximos anos. De acordo com o regulador, a taxa de poupança está abaixo do que deveria ser, devendo manter-se até 2021.
Mas também não há mais consumo, pelo contrário, as famílias devem gastar menos nos últimos seis meses deste ano, em linha com o rendimento disponível. Os trabalhadores têm menos dinheiro porque o emprego abrandou e não foi totalmente compensado por aumentos salariais nem por medidas políticas.
A queda do rendimento disponível das famílias e do consumo deverá agravar-se nos dois próximos anos, com o desaparecimento do efeito favorável de medidas políticas.
O regulador diz ainda que a produtividade está a aumentar e os salários começam a reagir. Avisa que os salários têm a prazo que refletir este aumento e aliviar a tensão do mercado de trabalho, ou perdemos competitividade.
As empresas já não se queixam do acesso ao financiamento, mas do elevado custo da energia, da incerteza sobre o futuro e da regulação.
Os preços devem subir, pressionados pelos bens não energéticos, como o aumento do salário mínimo em 2019.
As incertezas externas, como o Brexit, a política comercial norte-americana e o mercado da dívida, continuam a ser um risco para as contas públicas.