Em véspera de privatização, a companhia aérea açoriana vai ultrapassar, pela primeira vez, os 200 milhões de receita. O anúncio foi feito por Luis Rodrigues, presidente do grupo SATA, no Congresso da APAVT – Associação Portuguesa de Viagens e Turismo, que decorre até domingo em Ponta Delgada, nos Açores. Depois dos anos de crise e quase falência técnica, está a recuperar.
O grupo SATA aponta, para 2022, 202 milhões de euros de receita. Segundo o CEO do Grupo, a receita aumentou cerca de 30% em relação a 2019. No entanto, o responsável explicou que os resultados "ainda não se traduzem exatamente" assim, dado que a empresa, como todo o setor, tem de lidar com o agravamento de custos, nomeadamente "com a crise do combustível". Também o número de passageiros cresceu 10-12%, acima das médias europeia e mundial.
Recuperação que, segundo Luís Rodrigues, foi impulsionada pela crescente atratividade dos Açores como destino turístico seguro, pelas iniciativas comerciais e pelo desempenho operacional da companhia. Fez, aliás, questão de fazer um agradecimento muito especial às agências de viagens pelo contributo que deram “para a salvação da SATA”.
Depois das dificuldades que o Grupo enfrentou, desde a quase falência técnica com um passivo 230 milhões, a obrigatoriedade de devolver 72 milhões de euros ao acionista imposta pela União Europeia, o impacto da covid-19, o aumento dos preço do fuel e a inflação, além dos problemas nos aeroportos no verão, Luís Rodrigues sublinha que “estar aqui, agora, a falar da SATA é um milagre", mas relembrando que "os milagres dão muito trabalho”.
Em junho, a Comissão Europeia aprovou uma ajuda estatal portuguesa para apoio à reestruturação da companhia aérea açoriana SATA, de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias estatais, prevendo 'remédios' como uma reorganização da estrutura empresarial.
A injeção financeira implica o desinvestimento de uma participação de controlo (51%) na Azores Airlines, o desdobramento da atividade de assistência em terra e uma reorganização da estrutura empresarial da SATA, com a criação de uma 'holding' que substitui a SATA Air Açores no controlo das suas operações subsidiárias.
2023 vai marcar privatização da Azores Airlines
O governo regional dos Açores vai ficar apenas com 49% do capital e os 51% restantes vão ser privatizados.
No entanto, os candidatos têm de responder a um caderno de encargos já definidos. A companhia tem de servir, em primeiro lugar os residentes nos Açores e na diáspora e só depois os turistas dos mercados adjacentes (o Continente é o mais importante) e os relevantes. E finalmente, os turistas que apenas passam pelos aeroportos açorianos, a caminho de outros destinos.
Luís Rodrigues - que vai ser reconduzido no cargo, conforme anunciou esta semana o Presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro – frisou que este tem de ser um Grupo em que as pessoas são felizes a trabalhar porque os clientes são a prioridade. “Alguém que tenha a veleidade de pensar que pode servir bem clientes com trabalhadores infelizes… boa sorte!”
O CEO da SATA refere ainda que o grupo deve ser um dos mais eficientes da indústria da aviação e um motor económico e social dos Açores. “Temos uma responsabilidade social muito grande com a Região”.