Urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta volta a encerrar por falta de médicos
14-10-2019 - 17:46
 • José Carlos Silva com Lusa

Administração do hospital refere "insuficiência de pediatras para a escala noturna" esta segunda-feira.

O Hospital Garcia de Orta, em Almada, vai ter de encerrar novamente a urgência do serviço pediátrico esta segunda-feira à noite. Entre as 21h de hoje e as 8h30 de amanhã, não serão aceites doentes urgentes na pediatria.

Em comunicado, o conselho de administração do hospital diz que a decisão de voltar a encerrar as urgências pediátricas se deve à "insuficiência de médicos pediatras para cumprir a escala noturna", à semelhança do que aconteceu, mais recentemente, na noite de sábado para domingo.

No documento, o hospital aconselha os utentes a recorrerem, em alternativa, às urgências de pediatria do Hospital de Santa Maria ou do Hospital Dona Estefânia, ambos em Lisboa.

Numa carta enviada ao bastonário dos Médicos no início deste mês, a que a Lusa teve acesso, os pediatras deste hospital pediam a intervenção urgente da Ordem na situação do serviço de urgência pediátrica por considerarem que não há condições mínimas de segurança para os doentes em vários momentos.

Também os médicos internos, em formação, denunciam que têm sido "incessantemente coagidos pela administração para cumprirem horas de urgência além do estipulado por lei" e que são "pressionados" a trabalhar numa urgência com uma equipa de apenas dois elementos, quando o mínimo exigível seria quatro.

Esta situação já se arrasta há mais de um ano, quando saíram 13 profissionais do hospital e nem o lançamento de concursos foi suficiente para colmatar a carência porque "ninguém concorreu", segundo o Sindicato dos Médicos da Zona Sul.

A mesma fonte alertou na sexta-feira que a urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta continuava em risco de fechar à noite e que mais quatro médicos podem demitir-se caso não existam "mudanças".

"A proposta dos colegas de pediatria é muito clara: têm que deixar de fazer bancos de urgência à noite, porque só sete pediatras é que fazem urgência e, desses sete, só quatro têm menos de 55 anos [e fazem noites]", afirmou, na altura, à agência Lusa o presidente do sindicato, João Proença.