Hospital de Campanha da Cidade Universitária pronto dentro de uma semana. Faz sentido?
18-02-2021 - 22:06
 • José Carlos Silva , Filipe d'Avillez

O coordenador da iniciativa, António Diniz, explica que a estrutura não existe apenas para lidar com picos de casos, mas também para, numa segunda fase, ajudar os hospitais a voltar à normalidade.

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A nova estrutura do hospital de campanha que foi montado na Cidade Universitária deverá estar pronta a receber utentes no final da próxima semana, com capacidade para mais de 140 camas.

Numa altura em que a pandemia dá sinais de desacelerar – com alguns equipamentos a serem desativados no apoio a doentes Covid, como o hospital de campanha de Viseu, esta quinta-feira, ou o pavilhão do Arade em Portimão – Lisboa em contraciclo, insiste em abrir uma nova estrutura.

A explicação é dada por António Diniz, o coordenador da estrutura hospitalar de contingência de Lisboa, em entrevista à Renascença.

“Porque é que, concluída esta fase, se justificaria manter um hospital ou uma estrutura hospitalar com estas características? Pessoalmente faz-me sentido porque esta estrutura tem uma outra função. Ela nasceu com uma dupla função.”

A primeira era ajudar a suportar um pico de infeções, mas a segunda, que se mantém, é “passada a fase mais aguda” servir de retaguarda aos hospitais que “vão ter de retomar a normalidade. Significa que os doentes que ocuparam várias enfermarias e serviços com atividade relacionada com Covid-19, porque a pressão era enorme e a situação era aguda”, podem ser acolhidos no hospital de campanha para libertar espaço nos hospitais normais.

“É uma questão de rapidez, da velocidade que queremos imprimir à passagem de todas as estruturas que foram convertidas em Covid, para a sua atividade normal. É neste contexto que funciona”, diz.

António Diniz refere ainda que o objetivo inicial era de ter capacidade para mais de 150 camas, mas “fizemos uma adaptação para permitir receber setores diferenciados que podem estar a ocupar algumas camas nos serviços hospitalares com doentes Covid, como pessoas que, apesar de já terem passado a sua fase Covid, não têm condições de habitabilidade para poder regressar a casa.”

Assim, conclui, no total haverá ligeiramente acima de 140 camas. António Diniz garante, ainda, que mesmo em caso de ocupação total não hão de faltar profissionais de saúde. “Recursos humanos vão existir. Não tenho dúvidas nenhumas em relação a isso.”

Portugal acaba de atravessar o pior momento da pandemia até ao agora, menos de um ano depois de ter sido registado o primeiro caso no país.

Depois de vários dias com mais de 300 mortos e dezenas de milhares de novos casos, a situação está agora menos grave, com cerca de 100 mortos por dia e poucos milhares de casos positivos.