Quase metade dos professores (42%) que dão aulas nas instituições de Ensino Superior públicas são contratados a tempo parcial e a prazo, uma situação que se mantém “por causa das restrições financeiras que existem nas instituições: o dinheiro que é transferido do Orçamento do Estado é sempre insuficiente para os gastos”, afirma à Renascença a presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNEsup), Mariana Gaio Alves. No total, mais de 14 mil encontram-se nesta situação, de um universo de 34 mil professores.
Mariana Gaio Alves manifesta o receio de que "cada vez seja menos possível contratar os professores necessários para assegurar as aulas dadas no Ensino Superior", admitindo que há risco de alunos ficarem sem docentes. "Se as universidades e politécnicos continuarem a não ter orçamento, vai chegar um momento em que chegamos a essa fase", reitera.
Mariana Gaio Alves sublinha ainda, que, este ano em particular, “o número de novos alunos volta a ser muito elevado e o contexto geral é ainda com mais dificuldades, com a inflação, com o aumento do preço da eletricidade e tudo isso pesa nos orçamentos das universidades e politécnicos”. A presidente do SNEsup diz, por isso, que as instituições estão “cada vez com mais restrições financeiras.”
"O dinheiro começa a ser muito pouco para assegurar o número de professores que é necessário para acolher o número de alunos que tem estado sempre a aumentar nos últimos anos”, afirma.
Para esta responsável, que é professora na Universidade de Lisboa, se “o número de alunos está a aumentar, precisamos de aumentar também o número de professores e de lhes dar condições de trabalho mais adequadas”.
É preciso tornar a profissão de professor mais atrativa
Há mais estudantes que querem ser professores: o número de colocados nos cursos que abrem as portas para a docência aumentou 14%, face ao ano anterior.
Segundo os dados da Direção Geral do Ensino Superior, foram colocados 727 estudantes nas licenciaturas em educação básica. Sobraram 143 vagas, 140 em politécnicos.
Para a presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), só é possível captar mais jovens para os cursos de educação, se a carreira docente se tornar mais atrativa. Maria José Fernandes diz mesmo que “para eu, enquanto mãe, encaminhar ou aconselhar, também tenho de perceber qual a atratividade da profissão”.
Esta responsável acrescenta que é “preciso fazer um trabalho nesse sentido” e diz ter a indicação que “este trabalho está a ser feito em coordenação entre o governo e os sindicatos".