Um político da oposição venezuelana morreu na sede da polícia secreta e os protestos não se fizeram esperar, com centenas de pessoas na rua, na última noite. Os manifestantes acusam o regime de ter assassinado Fernando Alban, autarca da oposição num município da região de Caracas.
As autoridades alegam que se tratou de suicídio, afirmando que Alban pediu para ir à casa de banho e saltou pela janela do décimo andar do prédio.
Fernando Alban estava detido desde 5 de outubro, acusado de envolvimento no alegado atentado de agosto contra o presidente Nicolás Maduro.
As reacções estão a ser de indignação e são muitos os que não acreditam na tese de suicídio. "É impossível que uma pessoa de profunda convicção católica se tenha suicidado. Todos os que falaram com ele viram-no sólido, forte e com convicções", diz o dirigente da oposição venezuelana.
Júlio Borges garante que Alban estava a ser pressionado "para que incriminasse uma séria de gente", a propósito da tentativa de atentado contra Maduro.
"Hoje vemos o resultado disso", diz. "Nós estamos golpeados e doridos e, ao mesmo tempo, convictos de que o que aconteceu com o Fernando tem de nos dar força para continuar a lutar. A Venezuela não pode ser um pais de torturadores, de violência, de morte e de violações dos direitos humanos. Tem de ser um pais livre, democrático, de progresso, e não a miséria em que Nicolás Maduro e a sua gente a tornou".
Também o Cardeal Jorge Urosa Savino já veio exigir uma investigação à morte do autarca da oposição. O cardeal considera que é "uma morte estranha, inexplicável e inesperada, de um homem pacífico, sereno".
"Eu deploro esta morte e, como todos os venezuelanos, exijo que se investiguem todas as circunstâncias que a rodearam", afirma.
Secretário de Estado visita país
Tudo isto numa altura em que o secretário de Estado das Comunidades português está de visita à Venezuela para reforçar o apoio à comunidade portuguesa, que está a sofrer as consequências da situação económica e política.
A insegurança é uma das maiores preocupações no país. José Luís Carneiro já esteve com a família do engenheiro luso-venezuelano que foi assassinado na segunda-feira.
O secretário de Estado confirma que os portugueses donos de supermercados, alguns dos quais estiveram recentemente detidos, vão encontrar-se esta terça-feira com elementos do Governo de Caracas.
Em declarações à Renascença a partir de Caracas, José Luís Carneiro garantiu ainda que Portugal continua de braços abertos para receber os portugueses e lusodescendentes que queiram regressar. Para esse efeito, foi criado um portal na internet com 18 mil oportunidades de emprego. Além disso, vai ser reforçado o envio de apoio para os migrantes na Venezuela, nomeadamente ao nível de medicamentos e tratamentos médicos.