A chuva não afastou os professores, auxiliares, pais e alunos que se juntaram na manifestação em Portimão. Agarrados aos guarda-chuvas e à vontade de obterem respostas por parte do Governo.
"Não conseguimos aguentar mais esta situação, estamos no
nosso limite", afirmou Dilar Neves, professora em Silves. "Isto podia
estar completamente decidido se o Governo tivesse capacidade de nos ouvir e dar
resposta", lamentou António Fechado, docente em Portimão, que esteve na
organização do protesto.
Fizeram-se ouvir nas ruas da cidade, numa arruada que começou às 9h00, em frente à Câmara Municipal. Três agrupamentos da cidade marcaram presença, o que significa que cerca de sete mil alunos não tiveram aulas. A estes juntam-se os de outros pontos do Algarve, como Silves e Albufeira.
"Trouxe-nos essa movimentação geral porque a nossa escola, a escola pública, chegou ao caos", justificou João Afonso, que dá aulas em Albufeira.
"É uma causa da sociedade civil, não é só de nós. Não é pelo dinheiro que cá estamos porque se fosse pelo dinheiro já todos tínhamos abandonado a profissão", garantiu Dilar Neves à Renascença.
André Pestana, coordenador do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação, juntou-se às centenas de pessoas às 10h00. Defendeu que as reuniões com o Governo devem ser transmitidas online e que o pedido já foi formalizado ao Primeiro-ministro.
"Esta reunião e outras futuras decidem a vida de milhares de pessoas, além das consequências para os professores, pais e alunos", explicou.
STOP reúne-se no dia 20 com o Governo
O Ministério da Educação admite vincular professores ao fim de três contratos, ir mais longe na proposta de reconfiguração dos quadros de zona pedagógica e abrir lugares de quadros de escola.
Contudo, André Pestana diz que não quer presentes envenenados: "Queremos ver onde está a diferença porque haver a vinculação após três contratos anuais já existe neste momento. Relativamente aos quadros de zona pedagógica, o ministro ainda não respondeu a uma questão muito simples que fizemos: os colegas que já estão em QZP e a sua área está a ser desmembrada em várias se poderão escolher em qual é que ficam. Por isso, não queremos presentes envenenados".
Os dias passam e milhares de alunos continuam sem aulas, mas o STOP confia no apoio dos pais. "Apoiam porque os pais não querem uma escola onde os profissionais de educação estão exaustos. Os pais que estão no terreno sabem isso, não os pais que dizem representar pais, mas que recebem fundos do Ministério da Educação".
No Agrupamento de Escolas Júdice Fialho em Portimão, os pais aderiram em massa ao protesto. "Houve uma reunião da Associação de Pais e os pais votaram por unanimidade que iam apoiar esta causa. Então hoje a comunidade educativa esteve à porta das escolas e ninguém entrou", contou Cátia Cardoso, mãe e professora.
O STOP reúne-se no dia 20 com o Governo e consideram que têm de haver mudanças ou a saída do ministro é inevitável.