O Presidente da República terminou esta quarta-feira uma visita que considerou "inesquecível" às comunidades emigrantes e lusodescendentes da Califórnia com uma mensagem de defesa da diversidade, de abertura às migrações e de tolerância.
A norte de São Francisco, do lado de lá da ponte Golden Gate, Marcelo Rebelo de Sousa esteve em Tiburon, no condado de Marin, onde noutros tempos havia pastagens e vacarias de emigrantes dos Açores que ali se fixaram a partir do século XIX, homenageados esta quarta-feira.
O chefe de Estado colocou a primeira pedra num monumento em homenagem aos produtores de leite açorianos, numa cerimónia que contou com a presença de autoridades de Tiburon e do condado de Marin e à qual se juntaram a assistir alunos de uma escola local.
"Pensem quão difícil era vir aqui e ajudar a construir esta bela nação", disse. "Só foi possível porque nos aceitaram, compreenderam que o vosso país devia ser um caldeirão de culturas, receber migrantes de todos os lados", acrescentou.
O Presidente da República realçou que nesta deslocação de cincos dias à Costa Oeste dos Estados Unidos da América esteve acompanhado pelo secretário de Estado das Comunidades, Paulo Cafôfo, e por deputados de quatro partidos, "da esquerda à direita", para não dizer "extrema-esquerda, extrema-direita", PS, PSD, Chega e Bloco de Esquerda.
E incluiu todos estes partidos numa unidade em relação aos migrantes: "Esquerda, direita, centro-direita, centro-esquerda, estamos juntos quando falamos dos migrantes e prestamos homenagem a todos os migrantes, porque é assim que é Portugal, é assim que são os Açores".
Dirigindo-se às crianças e jovens que ali estavam, Marcelo Rebelo de Sousa apontou este momento como "uma homenagem ao futuro" e não apenas ao passado: "Vocês são o futuro. Não sei se há algum Silva ou algum Sousa aí ou alguém com um nome português".
"Não importa, compreendem o que é o futuro. O futuro são pessoas diferentes, com culturas diferentes, com raízes diferentes, com origens diferentes, juntas, a trabalhar juntas e a construir juntas uma grande nação", considerou.
Durante esta cerimónia, o mayor de Tiburon, John Welner, e a representante do condado de Marin, Stephanie Moulton-Peters, deixaram igualmente mensagems de defesa da diversidade e da inclusão.
"Estamos empenhados em assegurar que Marin é um lugar em que todos podem participar, prosperar, atingir o seu máximo potencial, independentemente da sua raça, género, nacionalidade, idade, capacidades, orientação sexual ou código postal", disse Stephanie Moulton-Peters.
Depois, enquanto caminhava na orla de Tiburon, Marcelo Rebelo de Sousa conversou com um jornalista local a quem apontou "a tolerância" como a característica fundamental que um político deve ter nos Estados Unidos da América.
Já em Sausalito, também no condado de Marin, Marcelo Rebelo de Sousa fez um balanço desta visita "inesquecível", tendo atrás de si todos os deputados que o acompanharam, menos Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do BE, que optou por ficar à distância.
Segundo o chefe de Estado, "todos os portugueses percebem" a importância de uma visita como esta, que se destinou, em primeiro lugar, a "agradecer às comunidades portuguesas".
"As comunidades são essenciais para Portugal, porque as comunidades são Portugal, e são em muitos casos do que há de mais dinâmico, mais vivo, mais virado para o futuro de Portugal, e até mais corajoso, porque tiveram a coragem de arriscar", elogiou.
"Não há nenhum português que não compreenda a importância das comunidades", reforçou.