Paulo Rangel apelida de "preocupante" o resultado das eleições presidenciais francesas e a expressão significativa que tiveram os candidatos extremistas.
O ex-candidato à presidência do PSD analisou, em conversa com a Renascença, o resultado eleitoral de domingo, em França, nas eleições para o Presidente da República. Macrou venceu sem maioria absoluta (27,6%), o que adia a decisão para a segunda volta, entre Le Pen e Macron, a 24 de abril.
"Preocupante [o resultado], porque mais de 50% dos eleitores franceses votaram em candidatos radicais e que são dos extremos", diz o eurodeputado, olhando para a percentagem de votos que obtiveram os candidatos de extrema direita, Le Pen (23,4%) e Zemmour (7%), além dos quase 23% de Melenchon, candidato da extrema-esquerda.
Uma vez que as sondagens já apontavam para a necessidade de uma segunda volta entre o Presidente francês e recandidato ao cargo, Emmanuel Macron, e Marine Le Pen, que se candidata ao cargo pela terceira vez, Paulo Rangel aponta como principal surpresa os resultados de Jean-Luc Melenchon.
"Facto surpreendente, ficou muito perto de Marine Le Pen", acrescentou.
Le Pen mais "suave" é, também, mais "perigosa"
O eurodeputado lembrou que a diferença de votos, até ao momento, entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen, este ano, é maior do que nas últimas eleições, mas alerta para uma candidata que agora pode reunir mais votos.
"Le Pen é uma candidata mais perigosa do que era há cinco anos. Suavizou muito a sua mensagem, tornou-a mais moderada, a nível de discurso e não a nível de programa", referiu Paulo Rangel.
Ainda sobre a líder do Ajuntamento Nacional (ex-Frente Nacional), Rangel assegura que esta beneficiou do aparecimento de Zemmour.
"Foi muito favorecida com o aparecimento de um segundo candidato forte de extrema-direita, Zemmour, que como é mais radical e mais duro na linguagem faz com que Le Pen apareça como mais moderada".
Apelo de Melenchon "não é suficiente", mas é "positivo"
Paulo Rangel também reagiu ao apelo de Jean-Luc Melenchon, que apesar de não ter pedido que se vote em Macron, apelou a que não se vote em Le Pen, o que, segundo o eurodeputado, não bastará para impedir uma possível vitória da candidata de extrema-direita.
"Não é suficiente mas é positivo, é uma mudança relativamente há cinco anos, quando Melenchon se manteve calado quanto ao apoio a Macron ou a Le Pen. Desta vez, ele disse três vezes que todos sabiam muito bem em quem não votar, sem sugerir o voto em Macron".
Voto de protesto
Como principal razão para o aumento dos votos em candidatos extremistas, Paulo Rangel lembra uma "atitude de protesto", que terá passado das ruas para os votos.
"Atitude de protesto muito típica na França, uma atitude de contestação ao sistema. Tanto Le Pen, como Zemmour, como Melenchon são anti-europeus, têm relutância com a presença de França na europa."
Nesta lógica de "contestação ao sistema", Rangel refere que "uma parte do eleitorado de extrema esquerda está disponível a votar em Le Pen", já que o "ódio a Macron" se sobrepõe à preferência por qualquer candidato.