A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) apresenta, esta sexta-feira, os resultados do relatório intercalar 2022 do “Índex nacional do acesso ao medicamento hospitalar”.
De acordo com o estudo desenvolvido com o apoio da Ordem dos Farmacêuticos e da Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares, 18% dos hospitais portugueses têm roturas diárias no stock de medicamentos, 23% semanais e 32% roturas mensais.
À Renascença, o presidente da APAH explica que “o problema não está nos hospitais, mas sim com a capacidade da produção ou de quem entrega e não com a capacidade dos hospitais em comprarem”.
Xavier Barreto garante que o tratamento dos doentes não está a ser colocado em causa, uma vez que os hospitais têm encontrado soluções como o empréstimo de fármacos entre os centros hospitalares, a compra no mercado estrangeiro e ainda a substituição de terapêuticas nos tratamentos.
Outras das barreiras no acesso aos medicamentos é “a falta de recursos humanos nos serviços de aprovisionamento para se comprarem os medicamentos de forma mais célere e dar acesso a medicamentos mais inovadores”, assume.
O estudo conclui ainda que apesar de a maioria das instituições possuir um departamento responsável para resolver os problemas relacionados com roturas, só em 27% dos hospitais esse impacto é avaliado.
O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares realça que outro dos problemas é a inexistência de um sistema que avalie a eficácia dos fármacos nos tratamentos. Apenas 27% dos hospitais o fazem.
Assume que “este é um aspeto importante que não tem evoluído nos últimos anos, o desejável é que sempre que há um novo fármaco se avalie a qualidade de vida dos doentes”, o presidente da APAH diz que esse será um dos pontos mais discutidos no Fórum do Medicamento, agendado para esta sexta-feira, uma vez que essa consulta não está a ser feita em um quarto dos hospitais.
Sublinha que o objetivo é perceber o porquê de a consulta farmacêutica não estar a ser feita e se o problema está relacionado apenas com a falta de recursos humanos.
O mesmo responsável defende que a presença de farmacêuticos nas enfermarias, a apoiar doentes internados, pode reduzir o desperdício de fármacos, resultando num impacto financeiro para o Serviço Nacional de Saúde. “Existe evidência abundante sobre o impacto que isso tem, por exemplo, em termos financeiros, na poupança que pode trazer em desperdício de fármacos.”