O líder parlamentar do PS, Carlos César, anunciou que o partido vai exigir um inquérito parlamentar em torno do Banif, entidade, diz o socialista, "negligenciada" pelo executivo PSD/CDS e cuja venda foi anunciada no domingo pelo primeiro-ministro.
"O grupo parlamentar do PS na Assembleia da República tem consciência de que, aqui chegados, não há outra solução do que a anunciada pelo primeiro-ministro. Mas o que aconteceu não pode ficar por aqui: vamos exigir um inquérito parlamentar a todo este processo", vinca Carlos César num texto publicado na sua página na rede social Facebook.
A ideia de uma comissão parlamentar é também avançada pelo líder parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), Pedro Filipe Soares, mas na sua conta no Twitter: "Obviamente, este vergonhoso processo do Banif não pode passar sem uma comissão parlamentar de inquérito", escreve o bloquista.
António Costa admitiu no domingo que a venda do Banif ao Santander, por 150 milhões de euros, tem um "custo muito elevado", mas é a solução que "melhor defende o interesse nacional".
"Esta venda tem um custo muito elevado para os contribuintes, mas é, no actual contexto, a melhor solução que defende o interesse nacional", afirmou António Costa numa declaração ao país, no Palácio de São Bento, em Lisboa.
A declaração de António Costa aconteceu minutos depois do anúncio, em comunicado, da venda do Banif ao Santander, pelo Banco de Portugal.
No seu texto no Facebook, Carlos César diz que PSD e CDS adiaram no executivo "com toda a irresponsabilidade e negligência" a resolução do problema do Banif, e o Banco de Portugal "não está inocente" em todo o processo.
"Os problemas adensaram-se até à sua quase insolubilidade. Agora, no pior dos momentos, a solução que resta para salvar o banco - que é como quem diz, salvar a sua função económica junto das empresas e das famílias, de modo especial nas regiões autónomas, a maioria dos seus postos de trabalho e as economias dos seus depositantes e obrigacionistas - é fortemente lesiva do erário público e dos contribuintes", assinala o líder da bancada socialista na Assembleia da República.
E prossegue: "Sabe-se que a Ministra das Finanças foi repetidamente prevenida, desde há mais de um ano, inclusive pelas autoridades europeias, para a degradação da situação e para a urgência de uma intervenção. Empurrou sempre o assunto para a frente para evitar enfrentá-lo antes de eleições".
Carlos César reconhece que terá agora de ser aprovado um "orçamento rectificativo para acomodar mais esta despesa que teria sido evitável na sua dimensão" se Maria Luís Albuquerque "tivesse agido com competência e sentido de responsabilidade".
O inquérito parlamentar em torno de entidades bancárias não é uma novidade: depois de duas em torno da nacionalização do BPN, os tempos mais recentes viram ser implementada uma comissão em torno do colapso do BES.