O comentador d’As Três da Manhã considera que não faz sentido comemorar o 25 de Novembro e, por isso, não concorda com uma comemoração do Estado, do Governo, para equiparar o 25 de Novembro ao 25 de Abril.
“Não concordo. Sobretudo quando é feito só por um lado. Estar um Governo da direita a querer fomentar o 25 de Novembro cria divisão. Uma comemoração do 25 de Novembro seria muito importante no atual contexto português e até Ocidental, se fosse liderada pelo PS, pelo centro-esquerda”, argumenta.
Algo que será difícil, no entender de Raposo, porque “o PS, a partir da geringonça, claro que se esqueceu da história e quer apagar essa história”.
“O PS, para derrubar o Passos, reuniu-se com os seus velhos inimigos, é legítimo, passaram 40 anos”, assinala.
O comentador sublinha ainda que “vivemos num ponto histórico onde nos sentimos cercados por extremos quer à esquerda, quer à direita”, defendendo que “o grande papel, hoje em dia, de quem está no centro-direita é atacar de imediato focos de extrema-direita” e “quem está no centro-esquerda tem o papel histórico de fazer a mesma coisa quando o radicalismo vem do outro lado”.
No seu espaço de comentário na Renascença, Henrique Raposo sublinha, no entanto, que “é importante, como fez o Ramalho Eanes, relembrarmos o que é que foi o 25 de Novembro”.
“E há duas grandes teses: a primeira, mais popular, e, a meu ver, errada, é que o PCP e a extrema-esquerda queriam, de facto uma guerra civil para impor um regime igual ao dos soviéticos. A tese mais certa é aquela que Carlos Gaspar e o próprio Balsemão partilham que é: o PCP queria criar uma enorme confusão, um banzé tremendo aqui em Portugal, para que a transferência das colónias para os aliados da União Soviética fosse feita de maneira mais rápida”, explica.
Na visão de Raposo, “o 25 de Novembro marca uma brutal fissura na democracia portuguesa entre o PCP e a extrema-esquerda e o resto porque, de facto, queriam outro tipo de regimes”, acrescentando que “o 25 de Novembro fecha o 25 de Abril. Sem o 25 de Novembro, o 25 de Abril não era aquilo que é”.