A Google divulgou esta terça-feira algumas medidas de combate à desinformação ("fake news") durante as eleições europeias, como o ‘Project Shield’, que serve para “proteger sítios de notícias independentes” contra ataques de negação de serviço distribuído na Internet.
Em comunicado, Lie Junius, diretora de políticas públicas da União Europeia (UE) e relações governamentais da Google, refere que “nunca foi tão necessário defender” jornalistas, campanhas e partidos políticos, ONG e grupos de monitorização de eleições, que garantem às pessoas informação durante os períodos eleitorais.
Os ataques de negação de serviço distribuído (DDoS) são uma tentativa de exploração de milhares de computadores de modo a sobrecarregar sítios, ficando indisponíveis para os utilizadores e “impedindo que os eleitores recebam informações oficiais quando mais precisam delas”.
A Google anunciou também que a partir de hoje vai providenciar a ‘Jigsaw’, uma ferramenta que “vai disponibilizar proteções DDoS fortes e gratuitas para organizações europeias que são vitais para eleições livres e justas”.
Segundo a página de Facebook da ‘Jigsaw’, a ferramenta tem como missão “apoiar a liberdade de expressão e o acesso à informação, especialmente em sociedades repressivas”, a partir de dados recolhidos por uma equipa de engenheiros, investigadores e especialistas geopolíticos.
De acordo com Lie Junius, “as preocupações com a desinformação aumentam antes de eleições, altura em que o acesso seguro a informações confiáveis é essencial”.
As eleições para o Parlamento Europeu vão decorrer entre 23 e 26 de maio de 2019 e são consideradas, pela multinacional norte-americana, o “grande foco”, depois de nos últimos anos haver “tentativas de disrupção dos processos democráticos”.
Com o objetivo de prevenir os abusos antes e depois das eleições, Lie Junius garante que há equipas na Europa “treinadas para identificar e impedir uma ampla gama de possíveis abusos que podem variar entre ataques de ‘phishing’ patrocinados por governos a ataques que tentam alterar o Google Maps para que as pessoas não encontrem os seus locais de voto”.
A Google indica ainda que está, “constantemente, a trabalhar para encaminhar as pessoas para conteúdo confiável e oficial e a aperfeiçoar os nossos sistemas de maneira a combater os efeitos da desinformação”.
Atualmente, com cerca de mil técnicos, jornalistas e pessoas de ONG relacionadas com as eleições na Europa, Lie Junius defende a “introdução de uma nova política e novos processos para verificar os anunciantes nas eleições europeias”.
“Qualquer pessoa que queira publicar anúncios políticos para as Europeias nas plataformas da Google terá de fornecer documentação que ateste que é uma entidade com sede na UE ou um cidadão de um país membro da EU”, refere a diretora de políticas públicas da União Europeia (UE) e relações governamentais da Google no comunicado.
A União Europeia irá divulgar dados em cada anúncio para tornar claro aos eleitores quem está a pagar pela publicidade, incluindo anúncios de organizações políticas, partidos políticos, entidades de defesa de direitos políticos ou angariação de fundos, candidatos individuais e políticos.
Com as equipas Google Trust & Safety, o Grupo de Análise de Ameaças (TAG) e a Jigsaw, a Google pretende evitar a interferência eleitoral, com a desativação de contas e o aviso aos utilizadores, partilhando informações com outras empresas e autoridades policiais e judiciais.
Lie Junius lembra também que a União Europeia irá apresentar dentro de meses o Relatório de Transparência para Anúncios Políticos e uma biblioteca de anúncios pesquisáveis “para tornar estas informações tão acessíveis e úteis para os utilizadores, profissionais e investigadores que queiram saber mais”.
O combate à desinformação está no topo da agenda da Comissão Europeia e também da nova presidência romena do Conselho da União Europeia.
Foi, por isso, criado no final do ano passado um Plano de Ação Conjunto que contém medidas como a criação de um sistema de alerta rápido para sinalizar campanhas de desinformação em tempo real.
O plano prevê também um instrumento de autorregulação para combater a desinformação ‘online’: um código de conduta subscrito por grandes plataformas digitais, como Facebook, Google, Twitter e Mozilla, que se comprometeram a aplicá-lo.