Testar positivo para a Covid-19 não significou o fim da vida para seis mulheres com mais de 90 anos, utentes de um lar em Sazes da Beira, uma pequena aldeia do concelho de Seia.
A mais velha, com 103 anos, sobreviveu e continua a cantar, a ler jornais e a ouvir a Rádio Renascença.
Georgina Figueiredo, carinhosamente tratada por Gigi, poisa o jornal da Teixeira que tem nas mãos para prestar atenção a mais uma entrevista. Porque ter Covid aos 103 anos de idade e sobreviver é um motivo de alegria e um exemplo, considera Mariana Brito, educadora social do Centro Social Paroquial de Sazes da Beira.
“Quando ela deu negativo, foi uma esperança para todos. Foi uma força para os outros, uma inspiração para os outros utentes”, defende.
Georgina testou positivo à Covid-19 no dia 23 de novembro e testou negativo no dia 4 de dezembro. “Foram 15 dias numa azáfama, mas conseguimos que ela ultrapassasse esta situação. Ela teve pouquíssimos sintomas, algumas dores no corpo, alguma prostração, alguma tosse e pronto, ouvimo-la cantar e respirámos de alívio”, recorda Carla Nereu, diretora técnica do Centro Social Paroquial de Sazes da Beira, que acompanhou com preocupação o estado de saúde de Georgina.
Mas não é caso único no lar de Sazes da Beira. Maria de Jesus, 90 anos feitos no dia 4 de setembro, também está cá para contar a história de como sobreviveu à Covid-19.
“Ainda cá estou, graças a Deus. Ainda estive internada no Hospital da Guarda, quase 15 dias. E vou-me sentindo menos mal, vai devagarinho”, refere.
E devagarinho, Gigi é desafiada a cantar, sem pressas… porque a vontade aos 103 anos, é dela. Mariana Brito sorri: “Ela está numa fase em que já só faz o que lhe apetece, a nossa Gigi”.
Seis mulheres com mais de 90 anos venceram a luta contra a Covid-19, de um total de oito sobreviventes com mais de 90 anos. Do surto que houve nesta instituição, no dia 20 de novembro, testaram positivo 44 idosos positivos, havendo a lamentar quatro mortes. Todos os outros recuperaram e testaram negativo.
Gigi, Maria de Jesus e os restantes utentes (cerca de meia centena no total) ouvem o terço na Rádio Renascença e a responsável, Carla Nereu, deixa uma reclamação. "Há dias em que não há terço e os utentes sentem muito essa falta. Era bom que passasse todos os dias", conclui.