É preciso preparar o surgimento de novas pandemias, alerta investigador Henrique de Barros
11-07-2022 - 20:07
 • Ana Catarina André com redação

Relatório apresentado esta segunda-feira conclui que, para além do agravamento da saúde mental, a pandemia reduziu a esperança média de vida e diminuiu a taxa de natalidade no país. E realça a necessidade de estudar, com rigor, as mortes e as suas causas, porque "é um assunto demasiado sério".

O presidente do Conselho Nacional de Saúde diz que é preciso preparar o surgimento de novas pandemias.

Na apresentação do relatório "Pandemia de Covid-19: Desafios para a Saúde", Henrique de Barros considera que, já quando a pandemia começou, em 2020, "tínhamos a obrigação de estar pelo menos a pensar nisto, porque já se sabia que isto iria acontecer e sabemos que vai voltar, seguramente, acontecer noutra dimensão".

Outra das preocupações deste investigador são as desigualdades no risco de adoecer. Henrique de Barros lembra, por exemplo, que "os migrantes tinham um risco desproporcionado de infeção e, depois, não se fez quase nada sobre isso".

Por outro lado, o presidente do Conselho Nacional de Saúde defende que é preciso investir mais nos serviços de saúde pública.

O relatório apresentado esta segunda-feira conclui que, para além do agravamento da saúde mental, a pandemia reduziu a esperança média de vida e diminuiu a taxa de natalidade no país.

E realça a necessidade de estudar, com rigor, as mortes e as suas causas, porque "é um assunto demasiado sério".

Após a apresentação do relatório, Céu Mateus, investigadora na universidade de Lancaster, no Reino Unido criticou as lacunas de informação e dados sobre o SNS e exemplificou: "Havendo tanta relevância que é dada à transição digital em Portugal, como é possível que ainda não se consiga saber quantas pessoas estiveram internadas em unidades de cuidados intensivos devido à Covid-19?"

Já a ministra da Saúde contrapôs as críticas, sublinhando que o relatório do Conselho Nacional de Saúde indica que "aquilo que temos feito vai no bom sentido".

Para Marta Temido, "o SNS mostrou a sua capacidade de resposta e acredito que fez, também, jus à confiança que nele depositámos".

"Não fechou portas durante a pandemia, os seus profissionais estiveram na linha, possibilitou o acesso à vacinação em massa da população, que continua, trabalha e continuará a trabalhar para recuperar a atividade que adiada por força da pandemia", concluiu.