O líder do PSD acusa o Governo de "dupla falta de respeito" pelos impostos dos portugueses já investidos na TAP, e questionou qual o plano B se a Comissão Europeia não autorizar o que classificou de "orgia financeira".
Na resposta, o primeiro-ministro referiu que "a pior forma de negociar com alguém é começar por admitir o insucesso da sua proposta e que tem planos B, C ou D", dizendo esperar que a Comissão Europeia possa "viabilizar totalmente" o atual plano de reestruturação da TAP até final do ano.
No debate sobre política geral com o primeiro-ministro no parlamento, Rui Rio contabilizou em 4,5 mil milhões de euros as verbas que o Governo já investiu ou prevê investir na transportadora aérea nacional, reiterando as críticas à reversão da privatização de "uma empresa falida, que dá regalias enormes aos seus trabalhadores e vive dos impostos" dos portugueses.
"A TAP comporta-se autenticamente como uma empresa regional, abandonando o país, olhando apenas para o aeroporto de Lisboa", criticou.
Para Rio, tal configura "uma dupla falta de respeito pelos impostos dos portugueses": "Porque é uma monstruosidade e porque vão pagar todos os portugueses, dá uma média de 450 euros a cada um", alertou.
Em alternativa, o líder social-democrata defendeu que a pandemia poderia ter sido "a altura certa para abrir uma empresa a sério e não carregada de vícios para trás".
Rio questionou diretamente António Costa se pode garantir que não será investido mais dinheiro "além dos 4,5 mil milhões já garantidos", se vai impor obrigações de serviço público à TAP e ainda "qual o plano B" se a Comissão Europeia não autorizar o plano de reestruturação para a empresa.
"O Governo tem algum plano B para a TAP no caso de a Comissão Europeia não permitir esta orgia financeira? O que vai fazer se disser que não?", questionou.
"O que compete ao Governo é apoiar a TAP na negociação com a União Europeia, é o que iremos fazer. Neste caso, não há plano B, só há plano A, que é o melhor para o futuro da TAP e de Portugal", respondeu António Costa.
António Costa defendeu a opção de reversão da privatização da TAP no início do seu primeiro Governo, considerando que se tal não tivesse acontecido a transportadora aérea nacional teria "sido arrastada pelas vicissitudes do investidor privado" David Neeleman.
"Se não tivéssemos tomado uma posição de controlo (...) já não tínhamos TAP (...) Sei que não aprecia a TAP, que acha que os seus trabalhadores ganham demais e têm benefícios em excesso, mas temos neste momento a TAP em recuperação da sua atividade", reforçou.
António Costa salientou que ninguém podia prever a "hecatombe" da paralisação da aviação comercial por quase dois anos devido à pandemia de covid-19.
"Querer analisar hoje não é rigoroso. Ninguém, ninguém, nem vossa excelência previu que isto podia acontecer, a TAP foi apanhada nesta crise no momento mais crítico do seu plano de desenvolvimento", defendeu.
Rio admitiu que, se é verdade que ninguém poderia prever, houve países que optaram por outra solução: "Deixaram cair o que não é viável para fazer uma coisa que é viável", disse.