O PSD está preocupado com o silêncio da ministra da Segurança Social e do primeiro-ministro sobre a auditoria da Ordem dos Médicos ao lar de Reguengos de Monsaraz.
Em declarações à Renascença, o deputado Ricardo Baptista Leite, vice-presidente da bancada social-democrata, não exclui a possibilidade de chamar Ana Mendes Godinho ao Parlamento para um esclarecimento cabal de todos os contornos deste caso, para que não volte a repetir-se o que correu mal.
"O PSD tem vários instrumentos legais, o requerimento para audição da ministra é um deles. O PSD não deixará de os utilizar, um deles ou todos, para garantir o cabal esclarecimento. Mais do que deste caso particular, que tem contornos gravosos, para garantir que a situação dos lares, sejam eles legais ou ilegais, seja resolvida", afirmou o social-democrata.
Ricardo Baptista Leite lembra que, segundo a auditoria feita pela Ordem dos Médicos, "não estamos apenas a falar de falhas graves no acompanhamento destas pessoas mais idosas. Estamos a falar de óbitos que decorreram em pessoas não infetadas com Covid-19 mas por falta de assistência, de cuidados básicos. Muitos destes idosos chegaram ao hospital em condições de desidratação extrema".
Questionado sobre se o silêncio poderá estar relacionado com o facto de decorrer um inquérito da Procuradoria Geral da República, o deputado do PSD afirma que "é fundamental separar o que é potencial crime, e isso deve seguir nos órgãos judiciais, e aquilo que é de gestão política". "O que estamos a falar é de vidas humanas que ficaram em perigo".
"Esperamos que a senhora ministra diga de uma vez por todas o que falhou e acima de tudo, o que vai fazer para garantir que situações destas não voltem a ocorrer", remata o deputado.
O relatório da comissão de inquérito da Ordem dos Médicos para avaliar as circunstâncias clínicas do surto de Covid-19 num lar em Reguengos de Monsaraz diz que não era possível cumprir “o isolamento diferenciado para os infetados ou sequer o distanciamento social para os casos suspeitos”.
Uma das consequências mais graves é que “vários doentes estiveram alguns dias sem as terapêuticas habituais, por falta de quem as preparasse ou administrasse”, diz o documento, sublinhando que “houve casos de preparação e administração de fármacos por pessoal sem formação de enfermagem”.
O relatório afirma ainda que os doentes não foram tratados “de acordo com as boas práticas clínicas”, com responsabilidades “para quem, sabendo que não tinha os recursos humanos adequados e preparados, permitiu que esta situação se protelasse no tempo”.