“Não aceitamos os ultimatos de ninguém no mundo, não aceitamos chantagens”. O Presidente venezuelano disse ser a favor de legislativas antecipadas para acabar com a crise política do país, mas recusou a hipóteses de novo escrutínio presidencial.
"Seria muito bom realizar eleições parlamentares mais cedo, seria uma boa forma de discussão política, uma boa solução pelo voto popular", disse Nicolás Maduro à agência de notícias estatal russa RIA Novosti, no dia em que estão previstos protestos convocados por Juan Gaidó.
Maduro, contudo, rejeita a hipótese de uma nova eleição presidencial. "As eleições presidenciais ocorreram há menos de um ano, há dez meses", sublinhou.
"As eleições presidenciais tiveram lugar na Venezuela e, se os imperialistas querem novas eleições, devem esperar por 2025", avisou.
O Presidente reiterou ainda a sua vontade de dialogar com a oposição e que as negociações podem ser mediadas por outros países.
Maduro disse estar "disposto a sentar-se para conversar com a oposição em prol da paz e do futuro da Venezuela". A Rússia é um dos países que o apoiam e que se ofereceu para mediar o conflito.
Já na segunda-feira, num encontro no palácio presidencial de Miraflores, com diplomatas que regressaram de diferentes sedes consulares e da embaixada venezuelana nos EUA, Maduro expressou a sua disponibilidade para negociar com a oposição.
"Estou pronto, uma vez mais, para onde for, iniciar uma ronda de conversações, diálogo, negociações, com toda a oposição venezuelana, com um só objetivo: a paz, o entendimento e o reconhecimento mútuo", disse, então.
Agendados novos protestos
As palavras de Maduro são tornadas públicas precisamente no dia em que Guaidó convocou os venezuelanos para realizarem ações de protesto nos escritórios, casas, postos de trabalho e transportes públicos.
Através de um vídeo que publicou na sexta-feira na rede social Twitter, Juan Guaidó convocou uma grande manifestação para hoje e para o próximo sábado, apelando aos venezuelanos para realizarem as ações de protesto, entre as 12h00 e as 14h00 horas (entre as 16h00 e as 18h00 horas em Lisboa).
A autoproclamação de Juan Guaidó, de 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos, depois de ter prometido formar um governo de transição e organizar eleições livres.
A UE fez um ultimato a Maduro para convocar eleições nos próximos dias, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram ser de oito dias, findo o qual os 28 reconhecem a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral.
A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana causou 35 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.