Aumentou 10% o número de utentes em situação grave que procuram as urgências do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, em comparação com o período pré-pandemia.
De acordo com fonte hospitalar, as pulseiras laranja e amarela representam agora 60% dos atendimentos. São sobretudo idosos, com doenças crónicas descompensadas, muitos fora da área do hospital.
E é justamente esta situação que faz aumentar os tempos de espera, numa altura em que a afluência é muito elevada, da ordem dos 700 casos em média por dia.
O retrato foi feito esta quarta-feira de manhã à Renascença por João Gouveia, o diretor da urgência que pede alternativas para responder a estes casos.
“Neste momento, nós temos uma afluência que é superior à que tínhamos até há algum tempo, de doentes muito mais complexos, que demoram mais a ser atendidos e que seja resolvido o seu problema. E isso faz com que os tempos de espera automaticamente aumentem. É impossível responder a tantos no mesmo tempo”, descreve o médico.
“O que nós podemos fazer para evitar isso? Que só as pessoas que têm, na verdade, doenças graves e agudas venham ao serviço de urgência?”, questiona o responsável, apresentando algumas soluções.
João Gouveia entende que “tem que se arranjar uma solução na comunidade para esses mesmos problemas, tem que haver acompanhamento das doenças crónicas, consultas de diagnóstico rápido, hospitais de dia a funcionar e centros de saúde com horário de atendimento alargados”.
Entretanto, a afluência às urgências no Santa Maria baixou nas últimas horas e tende a normalizar.
Uma grande afluência às urgências é registada também no Hospital de São João, no Porto, onde na segunda-feira foram vistos mais de mil doentes, bem acima da média para a época do ano, embora neste caso a proporção de falsas urgências seja superior.
De acordo com o centro hospitalar, metade dos casos receberam pulseiras azuis e verde.