No meio da pandemia e apesar dos recentes atos de violência reivindicados pelos terroristas do Estado Islâmico, Francisco parte dentro de 10 dias para uma viagem histórica ao Iraque.
"É uma viagem sob a bandeira da alegria, porque o Papa vai levar a este povo, à Igreja Católica e a todos os iraquianos uma mensagem de consolo, de paz, de admiração por tudo o que sofreram”, disse o cardeal Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais ao portal “Vatican News”.
Este cardeal argentino, com experiência diplomática e conhecedor profundo da realidade do Iraque, integra a comitiva do Papa e espera que a viagem reforce os insistentes apelos à paz, à fraternidade e ao diálogo entre religiões, na sequência dos apelos da encíclica “Fratelli Tutti” e do documento sobre a fraternidade humana assinado em Abu Dhabi.
No entanto, “a viagem não está isenta de riscos e o Papa sabe disso, mas ele é pastor e pai, é alguém que vai visitar os seus filhos em dificuldade”, diz o cardeal Sandri, numa outra entrevista ao diário argentino “La Nación”. O colaborador de Francisco assegura que “em termos de segurança, o Governo iraquiano disponibilizará todos os meios para que a viagem do Papa seja tranquila, mas o que o Papa mais teme é a pandemia”.
Com efeito, o aumento dos contágios no Iraque, levou o governo a decretar, recentemente, o confinamento, reforçado nos fins de semana, com o encerramento das mesquitas e demais lugares de culto. E se, na próxima semana, os efeitos da pandemia não abrandarem, Francisco arrisca-se a visitar um país semiparalisado e quase deserto, excecionalmente aberto para acolher o ilustre visitante, mas onde os cerca de meio milhão de cristãos não poderão circular livremente para encontrar o Papa.
Interrogado sobre as razões da pressão do Governo de Bagdad e da Igreja Católica local para Francisco visitar o país, apesar da atual instabilidade, o cardeal Sandri responde que “o Iraque precisa de superar a fase em que é visto como um Estado de morte por tudo o que passou com guerras, perseguições, terrorismo. E uma visita do Papa agora pode “ajudar a reconhecer que o Iraque é mais do que isso”. E concluiu: “esperemos que durante toda a visita isto seja verdade, que respeitem o Papa e que não haja nenhum tipo de inconveniente relativo à segurança”.
Nesta primeira visita apostólica desde a pandemia, Francisco terá encontros e celebrações em Bagdad, Ur, Erbil, Mossul e Qaraqosh.