Através do Arcebispo Bashar Warda, de Erbil, a comunidade cristã que vive no campo de refugiados de Mar Elias, no Iraque, envia uma mensagem de Natal aos jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico que os perseguiram, ameaçaram e conduziram à situação em que se encontram: de mãos vazias, totalmente dependentes da caridade internacional.
Na referida mensagem, dirigida a “todos os povos e nações”, quer sejam "livres ou em guerra, ricos ou pobres”, o arcebispo afirma acreditar que “o novo ano irá trazer a paz para a região”.
Dirigindo-se directamente aos jihadistas – responsáveis por mais de 1,5 milhões de deslocados internos no Iraque –, o bispo oferece-lhes o perdão, o desejo de paz e o amor.
“Àqueles que nos matam, violam e torturam, nós perdoamos-vos. Àqueles que querem a guerra, nós levamos a paz. Àqueles que nos odeiam, nós amamos-vos.”
“O Natal – acrescenta o prelado – não significa apenas a troca de saudações” entre as pessoas, mas é também um tempo de “oração para que o homem” possa “estender a mão da paz e da reconciliação a todos” os outros.
Nesta mensagem, enviada directamente para a fundação Ajuda à Igreja que Sofre – que apoia os refugiados neste campo de Mar Elias –, o Arcebispo de Erbil faz ainda um apelo: “Basta de lutas, basta de guerras”. E acrescenta, traduzindo o sentimento de todos, “estamos cansados de andar de um lado para o outro. Estamos cansados de não ter casa. Trabalhemos juntos para que todos os homens possam viver em paz nas suas casas.”
O arcebispo de Erbil afirma ainda que a celebração do Natal, do nascimento de Jesus, é também a “celebração de um refugiado”.
“Hoje celebramos o nascimento de Jesus. Celebramos um refugiado, como nós. Celebramos uma família desalojada, como nós. Uma família forçada a dormir onde se guardam os animais. Uma família forçada, através da violência, a deixar a sua casa para viver numa terra estrangeira”, e conclui dizendo “estamos a viver hoje esta mesma história de Natal.”
Dirigindo-se a todos os cristãos refugiados no campo de Mar Elias, o arcebispo Warda pediu-lhes para “ouvirem a voz de Deus” nos seus corações. “Ouçam. Não tenham medo. Deus é amor, Ele ouve carinhosamente os gemidos dos oprimidos, dos marginalizados e dos desalojados. Ele escolhe estar com eles onde quer que estejam, quem quer que sejam. Ele esteve na vossa pele e viveu as vossas aflições. Ele está convosco no vosso sofrimento e convida-nos a celebrar o Seu nascimento, e sonhar.”
O prelado continua esta mensagem lançando um desafio: “Vamos trabalhar juntos – a fim de que um dia já não sejamos desalojados. Jesus Cristo, um refugiado, é a vossa esperança. Ele é a minha esperança”.