O Santuário de Fátima realiza a 28 de abril, no centro pastoral Paulo VI, em Fátima, as suas III Jornadas da Comunicação. Neste ano, o tema é “O Mundo visto de Fátima”, numa alusão ao jornal Voz da Fátima, que assinala em 2022 o seu centenário.
“Refletir e sublinhar o papel da imprensa cristã na construção do Portugal moderno” é o objetivo da iniciativa, revelou a diretora do gabinete de comunicação do Santuário em entrevista à Renascença.
Carmo Rodeia reconhece que há problemas na imprensa escrita. “Todos os dias vivemos com a guilhotina da sustentabilidade”, disse a diretora, que apontou como grande desafio atual “garantir a sustentabilidade”, numa altura em que é fundamental “adaptarmo-nos às novas tecnologias, fazendo a transição, mas sem abdicarmos do papel”.
As III Jornadas de Comunicação abrirão com uma conferência pelo Presidente do Dicastério da Comunicação da Santa Sé, Paolo Ruffini, e contarão com a presença de vários investigadores da academia portuguesa, tais como Carlos Camponez, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Felisbela Lopes, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, Pedro Jerónimo, docente e investigador da Universidade da Beira Interior e Jorge Pedro Sousa, professor da Universidade Fernando Pessoa.
De tarde, terá lugar uma mesa-redonda com responsáveis editoriais de jornais católicos portugueses, e a antestreia da reportagem “Páginas de Fátima”, feita pelo jornalista Joaquim Franco, que permitirá uma viagem que atravessa os cem anos do jornal.
Mulheres leem mais a Voz da Fátima
Nestas jornadas será apresentado um estudo comparado da Voz da Fátima, onde se apresenta o perfil do leitor do jornal.
“Enviámos 62 mil cartas e tivemos 20 mil respostas, o que é bastante para este universo de leitores”, salientou a diretora. Segundo Carmo Rodeia, trata-se sobretudo de “senhoras com mais de 70 anos, com um grau de literacia bastante significativo, ensino médio, o que vem acabar com alguns mitos de que são pessoas ruralizadas e menos instruídas que leem a imprensa católica.”
Este estudo permite “fazer ajustamentos no sentido de ir ao encontro dos gostos e necessidades dos leitores”, referiu.
Segundo uma notícia publicada no sítio do Santuário na internet, o primeiro número do jornal foi publicado em 13 de outubro de 1922, “como meio de contacto com os peregrinos” e pela necessidade “de dar a conhecer a vida do Santuário, mas igualmente do desejo de difundir a mensagem de Fátima”, como sublinhou no número de outubro de 2021 o reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas.
A decisão de criar o jornal foi tomada em 04 de maio de 1922, por uma Comissão Canónica criada pelo então bispo de Leiria, José Alves Correia da Silva, tendo o primeiro número tido uma tiragem inicial de 6 mil exemplares, que chegou a aproximar-se dos 250 mil em 1954. Atualmente, a tiragem situa-se nos 62 mil exemplares, estando também disponível na página online do Santuário.