Mais de 160 presos foram libertados em 15 dias no âmbito da amnistia pela visita do Papa Francisco a Portugal para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
O número é avançado, em entrevista à Renascença, por Rui Abrunhosa Gonçalves, responsável pela Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).
"Fiquei surpreendido e não contava que saíssem tantos reclusos! Desde o dia 1 de setembro, saíram mais de 160 e tal e eu pensava que saíam uns 50 apenas. Até ao final do ano devem sair mais”, diz o diretor da DGRSP.
Contas feitas, há nesta altura pouco mais de 12.500 reclusos nas prisões. Rui Abrunhosa Gonçalves recusa a ideia generalizada de sobrelotação, embora admita que em alguns estabelecimentos isso possa acontecer.
Olhando para o anterior momento de saída em volume de reclusos, aquando da pandemia de Covid-19, o diretor-geral da DGRSP esclarece que 2.155 reclusos deixaram as prisões e foram passadas 960 licenças de saída administrativa extraordinárias.
"No caso dos libertados só 21,6% voltaram ao crime e dos outros (as licenças) só 123 reclusos viram as saídas revogadas. Que conclusões tiramos? Que libertámos quem não representava risco e que, se calhar, essas pessoas podiam ter ficado desde logo em liberdade a cumprir pena”, argumenta.
Neste momento, são cerca de 30 mil as pessoas a cumprir pena na comunidade com recurso a penas alternativas.
Cada recluso custa ao Estado 56 euros por dia. Para este responsável, “também aqui a economia é importante e quantas mais pessoas pudermos ter fora das prisões, mais poupamos". "É multiplicar por 365 dias e depois por 12.500 reclusos, é muito dinheiro”, constata.
Nesta entrevista à Renascença, a primeira desde que tomou posse, Rui Abrunhosa Gonçalves defende que o Governo deve investir no reforço de guardas prisionais e de profissionais dos centros educativos "sob pena de, daqui a seis anos, não termos gente para trabalhar".