"Le Monde" avança: Bruxelas recomenda aplicação de sanções a Portugal
27-06-2016 - 13:12

Bloco diz que Governo deve ameaçar com referendo se houver sanções.

A Comissão Europeia (CE) vai recomendar a aplicação de sanções a Portugal e Espanha por violação das metas do plano de estabilidade. A notícia foi avançada pela edição "online" do jornal francês "Le Monde".

De acordo com o jornal, a decisão final será tomada na reunião do Conselho Europeu de 5 de Julho.

As sanções propostas deverão ser meramente simbólicas, segundo o "Le Monde".

A Comissão Europeia quer minimizar as tensões entre os membros da União Europeia, numa altura tensa, devido à decisão de saída do Reino Unido da União Europeia.

Também poderão ser impostas multas equivalentes a até 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal e Espanha ou a suspensão temporária dos fundos estruturais europeus.

Em causa está a violação das metas do défice público em 2015 pelos dois países. No caso de Portugal, registou-se um défice de 3,2% nas contas públicas em 2015 (descontando os efeitos da resolução do Banif). Já em Espanha verificou-se um défice de 5,1%, quando era esperado 4,2%.

Bloco sugere referendo

No domingo, durante a convenção do partido, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, sugeriu a realização de um referendo sobre a União Europeia em caso de aplicação de sanções a Portugal.

Se a Comissão Europeia insistir em sanções sobre Portugal, o Governo deve chegar à próxima cimeira europeia com uma ameaça na manga, o referendo, defendeu Catarina Martins.

A ideia foi contestada por PS, PSD, CDS e pelo Governo. A secretária de Estado dos Assuntos Europeus diz que este não é momento para consultas populares, sublinhando que é necessário evitar "uma febre referendária" em Portugal e nos outros Estados-membros da União Europeia.

Também o Presidente da República rejeitou a marcação de uma consulta popular.
"Portugal está na União Europeia, sente-se bem na União Europeia e quer continuar na União Europeia. Quanto ao resto, a Constituição diz que a decisão sobre o referendo é do Presidente da República e, portanto, é uma questão que não se põe neste momento", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, poucas horas depois das declarações de Catarina Martins.