Por ser o homem que gere o dinheiro do Estado, Mário Centeno foi convidado, em direto da Renascença, a visitar uma escola pública. O convite partiu do presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas.
Filinto Lima esteve esta sexta-feira no programa As Três da Manhã para falar das carências sentidas nas escolas, sobretudo, ao nível dos recursos humanos e, ainda assim, daquilo que se consegue fazer.
“O serviço que nós prestamos é de altíssima qualidade, mas podia ser ainda mais potenciado”, disse Filinto Lima. “Ajude-nos o Dr. Mário Centeno, a quem convido diretamente para, um dia de manhã, perder um pouco do seu tempo, visitar uma escola pública portuguesa e perceber como é que nós muitas vezes fazemos, sem ovos, fantásticas omoletes”.
De acordo com um inquérito da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), faltam mais de 4.600 funcionários nas escolas, entre auxiliares e administrativos.
“Não é um problema deste Governo, é um problema dos últimos governos, só que não é resolvido ou é atenuado com paliativos”, critica o presidente daquela associação.
“Há 15 dias foi anunciada a contratação de 1.067 funcionários e eu quero saber onde é que estão esses funcionários”, questiona ainda, para logo responder: “está na promessa. Só tivemos o anúncio dessa medida e nada mais”.
O dedo é apontado ao ministro das Finanças, devido aos cortes que impõe.
“O Dr. Mário Centeno, que é a pessoa que gere o dinheiro do povo, deve apostar de uma forma definitiva na resolução deste problema – ou seja, dotar as escolas de recursos humanos suficientes para prestar um serviço ainda de melhor qualidade”, apelou Filinto Lima.
Nas contas feitas pelos diretores escolares, há ainda 10% dos funcionários que estão de baixa médica, o que confirma o alerta lançado pelos diretores sobre a falta de funcionários.
“São funcionários com uma faixa etária já elevada, que lidam com os alunos e com os professores; são funcionários que estão a fazer o trabalho deles e do outro funcionário que deveria estar a trabalhar e não está, porque está em casa de baixa médica ou porque o rácio não é cumprido e, portanto, são funcionários que adoecem naturalmente. Isto é uma bola de neve”, explica.
Filinto Lima defende, por isso, que “quem decide não pode estar nos gabinetes fechado, quem decide não pode só olhar para uma folha Excel, quem decide não pode só ter passado pela escola enquanto aluno, tem que cair na realidade – sair do gabinete e vir para a escola”.
E é também por isso que o convite ao ministro da Finanças “é um convite sério, honesto”.
Os resultados do inquérito conhecidos nesta sexta-feira vão ser enviados ao Ministério da Educação “e também, posteriormente, com certeza, ao Ministério das Finanças”, afirma o presidente da Associação de Agrupamentos e Escolas Públicas.