Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Al-Quds, foi morto, esta madrugada, num ataque aéreo dos Estados Unidos ao aeroporto internacional de Bagdad.
Responsável pela extensão internacional da Guarda Revolucionária iraniana, Soleimani desempenhou um papel fundamental nas ofensivas na Síria e no Iraque.
Homem de origem humilde, nascido numa família pobre na província de Kerman, no sudeste do país, emergiu da guerra Irão-Iraque como um herói nacional pelas missões que liderou na fronteira com o “inimigo”.
O general de elite foi o principal responsável pela disseminação da influência diplomática iraniana no Médio Oriente, que tanto Estados Unidos como Arábia Saudita e Israel, inimigos regionais de Teerão, se esforçam por combater.
Nos últimos 20 anos, sobreviveu a várias tentativas de assassinato ordenadas por agências ocidentais, israelitas e árabes.
Apoiou o Presidente sírio Bashar al-Assad, na guerra civil que teve início em 2011, e foi um dos principais combatentes contra os grupos extremistas do autoproclamado Estado Islâmico e da Al-Qaeda.
Soleimani tornou-se chefe da força de elite iraniana Al-Quds em 1998 e manteve um perfil discreto durante anos, enquanto fortalecia os laços entre Irão e Hezbollah, no Líbano, Bashar al-Assad, na Síria, e grupos de milícias xiitas, no Iraque.
Nos últimos anos, posicionou-se no centro dos holofotes, lado a lado com o líder supremo do Irão, Ayatollah Khamenei e outros líderes xiitas.
Sob a liderança de Soleimani, a força Al-Quds expandiu amplamente as suas capacidades, tornando-se uma influência significativa nas esferas política, financeira e de segurança.
Após o restabelecimento do Governo no Iraque em 2005, a influência de Soleimani estendeu-se à política iraquiana sob a liderança dos ex-primeiros-ministros Ibrahim al-Jaafari e Nouri al-Maliki.
Mohammad Marandi, chefe de Estudos Americanos da Universidade de Teerão, disse, em entrevista à agência Al Jazzera, que o papel de Soleimani em ajudar a derrotar o autodenominado Estado Islâmico fez dele um "herói nacional" e um "mártir" entre o povo iraniano e outros países do Oriente Médio.
"Se não fosse por pessoas como ele, esta região teria visto bandeiras negras a sobrevoar a região", defende o investigador.
As autoridades americanas acreditam que, durante a guerra do Iraque, foram as unidades de Soleimani que forneceram aos insurgentes iraquianos armas mortais contra as forças americanas - uma alegação que o Irão nega.
Esta sexta-feira Soleimani foi morto num ataque aéreo, ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos. O líder supremo do Irão declarou três dias de luto pela morte do comandante da força de elite iraniana, que descreveu como "símbolo internacional de resistência".
Segundo um estudo publicado em 2018 pela Universidade de Maryland, 8 em cada 10 iranianos têm uma opinião favorável sobre Soleimani, posicionado no topo da lista de figuras públicas nacionais, à frente do Presidente Hassan Rohani e do chefe da diplomacia, Mohammad Javad Zarif.