D. Jorge Ortiga propõe “cultura do cuidado” como resposta às “situações de sofrimento e de injustiça”
17-02-2021 - 11:12
 • Olímpia Mairos

Contributo quaresmal da arquidiocese é destinado ao Fundo Partilhar com Esperança e às necessidades básicas da comunidade de Santa Cecília de Ocua, na Diocese de Pemba, em Moçambique.

Na mensagem para a Quaresma, o arcebispo de Braga desafia os cristãos a saírem de si para irem ao encontro dos mais frágeis.

“O nosso coração terá de ser tocado por situações de sofrimento e de injustiça que proliferam ao nosso lado, assim como em tantos contextos do planeta”, escreve D. Jorge Ortiga.

O arcebispo de Braga nota que “são muitas as vulnerabilidades, fragilidades e pobrezas. Cuidar dos doentes, dos idosos, dos sem abrigo, das vítimas da solidão e isolamento, das situações de violência doméstica, dos migrantes, dos desempregados…”

“Importa agir, cuidando efetivamente, começando por casa, chegando ao ambiente laboral, mergulhando no seio da comunidade, arriscando olhar para a sociedade que nos rodeia”, apela o prelado.

E segundo o responsável pela Arquidiocese de Braga, “nos tempos que correm, não necessitamos de grandes coisas”.

“Basta cuidar através das coisas pequenas, com muita humildade e no momento presente. Valem as coisas materiais, renunciando para poder partilhar, e as espirituais como maravilhosos sinais de presença”, explica D. Jorge.

Na mensagem “Caminhar juntos”, D. Jorge Ortiga lembra que a Quaresma “acontece no centro de uma conversão pastoral a operar na vida das pessoas e das comunidades”.

“É tempo favorável para que a renovação não seja adiada nos propósitos e nas programações”, explica o arcebispo de Braga, propondo “que seja tempo para cuidarmos do próximo, humanizando os cuidados que temos, ou devemos ter, uns para com os outros”.

Segundo o arcebispo de Braga, o contributo penitencial ou a renúncia quaresmal ajudam a ir “para além das boas intenções e a enveredar pelo testemunho, pois a Igreja Arquidiocesana também deve cuidar da pobreza, através do Fundo Partilhar com Esperança, e das necessidades básicas da comunidade de Santa Cecília de Ocua, na diocese de Pemba, em Moçambique”.

Citando a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz, o arcebispo de Braga insiste em que “neste mundo de fragmentação e de indiferença” é fundamental “reconhecer, como prioridade, o dever de fomentar a cultura do cuidado”.

“Não podemos perder o norte e acreditamos que é possível, no meio de todas as contingências, dar serenidade e mostrar que não podemos adiar a construção de um mundo mais humano”, acrescenta o prelado.

Mas para que “esta aventura quaresmal se torne viável e efetiva”, D. Jorge Ortiga sublinha que “necessitamos de, como condição prévia a tudo o resto, cuidar de nós mesmos, deixando-nos possuir e orientar pela Palavra de Deus, meditando-a e permitindo que ela nos vá moldando em gestos de verdadeira autoestima”.

“Necessitamos de uma visão positiva sobre aquilo que somos e o que a vida nos reserva. É tempo de ultrapassar tantas lamentações que não conduzem a nada. Valorizemos o que somos e trabalhemos para sermos melhores”, pede o arcebispo de Braga, porque, diz, “cuidando de nós mesmos, através da Palavra e da oração, prosseguimos a nossa caminhada cuidando dos outros e da natureza”.

“O que intuímos interiormente transpomo-lo para as relações, sabendo que o grande problema da sociedade moderna reside no paradigma da convivência social que adotamos”, conclui.