A greve de 24horas dos enfermeiros portugueses tem já uma adesão de 80 por cento, diz o Sindicato Nacional de Enfermeiros.
Em declarações à Renascença, Emanuel Boieiro disse que “a adesão a esta greve está a ser massiva.”
“A nível nacional estamos a ter uma adesão superior a 80%”, concretizou o dirigente que ressalvou o arquipélago da Madeira, onde se regista “uma adesão ligeiramente mais baixa”.
Por isso, os constrangimentos já são visíveis.
Segundo Emanuel Boieiro o efeito da greve dos enfermeiros faz-se sentir “nos blocos operatórios, cuidados de saúde primários e consultas externas”, de instituições de norte a sul do país.
Em causa estão não só hospitais e centros de saúde de grande dimensão e dos grandes centros urbanos, mas também do interior do país.
A realização desta greve de 24 horas dos enfermeiros deve-se à "ausência de resposta e indisponibilidade do ministro da Saúde em iniciar um processo negocial" com os profissionais.
Em comunicado, o SNE acusou o Governo de não responder aos "graves problemas que afetam os doentes" nem "aos apelos do Presidente da República para que o ministro da Saúde reunisse com os sindicatos do setor".
Por isso, "dada a manifesta ausência de resposta e indisponibilidade do ministro da Saúde em iniciar um processo negocial com os enfermeiros", o SNE convocou uma greve nacional, "a que se juntarão novas formas de luta".
Os enfermeiros reclamam "a negociação de um Acordo Coletivo de Trabalho Global aplicável aos enfermeiros e a revisão da tabela salarial".
O SNE refere que "a maioria das reivindicações dos Enfermeiros se relaciona com a defesa da qualidade da enfermagem e do acesso dos doentes a cuidados de Saúde em tempo útil e de qualidade", propondo "condições de trabalho dignas, planeamento e organização do serviço público e uma política correta de gestão de recursos humanos", com "aumento da capacidade de resposta, desde os cuidados de saúde primários, passando pelos internamentos hospitalares, serviços de urgência, blocos operatórios e pela rede nacional de cuidados continuados integrados".
Aos enfermeiros, o SNE pede que "denunciem todas as situações de potencial falência de segurança clínica, que podem causar dano ou custar a vida aos doentes", aconselhando a entrega de "declarações de denúncia à Ordem dos Enfermeiros" e recomendando que não prestem serviço em condições de falta de segurança clínica, de acordo com as suas regras deontológicas.
Na quarta-feira, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, disse que o Governo está a examinar as condições para voltar a negociar com os sindicatos médicos, reconhecendo que, apesar de estar em plenas funções, "não pode olhar para o futuro como antes da crise política".
Na terça-feira da semana passada, o governante disse que está a fechar dossiês pendentes e recebeu na terça-feira o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) sobre a reclassificação da carreira dos enfermeiros, uma matéria que, segundo o governo, estava já na fase final de negociações.
Os enfermeiros reclamam um acordo coletivo de trabalho, nova tabela salarial e dizem estar cansados da ausência de resposta do ministério da Saúde.