Mais de uma centena de lesados do papel comercial do GES estão concentrados em frente à sede do Novo Banco, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, onde fizeram a árvore de Natal com vários recados aos novos e antigos governantes.
Vindos sobretudo do norte do país, os lesados do papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES), vestidos com uma gabardina vermelha e chapéu de Pai Natal, trouxeram um pinheiro que colocaram no cruzamento da Avenida da Liberdade com a Barata Salgueiro, rua que está cortada ao trânsito.
O espírito é de Natal, diferente das dezenas de manifestações que fizeram ao longo do ano explicou à Lusa Fernando Silva, um dos lesados.
“Estamos a dar algum tempo para que o novo Governo resolva a nossa situação, porque muitos dos novos governantes, como o agora primeiro-ministro, António Costa, prometeram-nos que havia uma solução”, explicou à Lusa Fernando Silva, um dos lesados.
Os manifestantes decoraram a árvore com cartões com os rostos dos protagonistas do processo, com especial incidência no governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, e a administração do Novo Banco, liderada por Stock da Cunha.
Além de recados para os antigos governantes, os lesados do GES vendido aos balcões do Banco Espírito Santo (BES) deixaram mensagens de esperança nos novos governantes e no Pai Natal.
“Pai Natal, faz-me acreditar”, lê-se num dos cartões que decoram o pinheiro de Natal, instalado à frente da sede do Novo Banco, bem como uma garantia: “Desistir nunca”.
Em declarações à Lusa, Fernando Silva, emigrante em França, que esta manhã viajou desde Espinho, explicou que os lesados estão a “dar um tempo para [os novos governantes] cumprirem”.
“Deram-nos esperança, quando falávamos com eles. Caso não surja uma resposta, a luta ficará feroz”, prometeu.
Os lesados de papel comercial do GES estão em manifestações sucessivas há um ano e quatro meses, tendo percorrido todo o país. Sem sucesso, prometem para 2016 uma guerra jurídica com queixa no tribunal europeu, e esperam o apoio político de António Costa.
No início de Dezembro, a Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC) traçou as directrizes para o próximo ano, após uma reunião com a Comissão Europeia: avançar para os tribunais europeus para que sejam ressarcidos os cerca de 530 milhões de euros que reclama e, ao mesmo tempo, esperar que o novo primeiro-ministro, António Costa, cumpra a sua promessa eleitoral de apoio à sua causa.
“Antes das eleições, o senhor primeiro-ministro [António Costa] prometeu uma resposta célere, justa e eficaz para os lesados, e isso está a acontecer. Temos reunido com representantes do Governo e achamos que podemos estar perto de uma solução para os lesados. Porquê? Porque nos foi garantido por esses representantes do Governo que vamos encontrar uma solução”, afirmou, na altura, o advogado Nuno Silva Vieira.
No ano que agora termina, o presidente do supervisor do mercado de capitais, Carlos Tavares, apresentou no parlamento uma solução para desbloquear o problema do reembolso do papel comercial do GES, que não foi acolhida pelo Banco de Portugal.
Os lesados consideram que, desde a resolução do BES, a 4 de Agosto de 2014, “foram criadas expectativas a todos os detentores de papel comercial do GES” e que tais expectativas “eram legítimas, por ser de direito e de justiça o recebimento dos valores confiados àquela instituição bancária” e, por isso, vão continuar as suas acções.