A inflação registada em Portugal em julho foi de 9,1%, comparando com julho do ano passado. Em junho, comparando com junho de 2021, a subida tinha sido de 8,7%. Parece, assim, que a alta de preços ainda não parou de subir entre nós. Mas há um sinal de esperança: entre junho e julho deste ano terá havido uma ligeira baixa (0,3%) no índice de preços no consumidor.
Talvez a subida dê agora indícios de estagnar; de qualquer forma, a inflação situa-se hoje nos valores mais altos desde há 30 anos.
Os produtos energéticos são o fator que mais impulsiona a alta geral dos preços, seguido pelos bens alimentares. Tirando estes dois setores, a chamada inflação subjacente, homóloga, fica em 6,2%.
O petróleo já esteve mais alto e também mais baixo. Atualmente o barril de Brent anda pelos 104 dólares. E estando a cotação do euro muito próxima da cotação do dólar, por causa disso os portugueses pagam mais euros pelo barril de petróleo. No plano alimentar, se os cereais retidos na Ucrânia puderem ter acesso ao mercado mundial, será de esperar algum alívio na carestia.
Como tem sido amplamente divulgado, a inflação fez subir automaticamente, muito para além das previsões, as receitas fiscais do Estado. O Governo previa uma inflação bem inferior aos números acima referidos.
Essa inesperada ajuda ao equilíbrio das contas do Estado deve ser aplicada em alguns objetivos prioritários, como seja a redução da nossa grande dívida pública. Mas nesses objetivos deve constar, também, alguma devolução de dinheiro aos contribuintes, sobretudo aos de menores recursos, que são os mais atingidos pela inflação.
O Governo receou uma espiral inflacionista, com a alta de preços a suscitar uma correspondente alta de salários.
Por isso não aumentou os salários da função pública. Mais uma razão para, em setembro, o Governo devolver aos contribuintes uma parte do excesso de dinheiro que lhes cobrou.
É um imperativo de justiça social.