A porta-voz do movimento Médicos em Luta disse hoje que os cirurgiões do Hospital de Braga estão "exaustos e à porta do "burnout"", devido à "enorme sobrecarga" a que estarão a ser sujeitos nos últimos dias.
Em declarações à Lusa, Susana Costa explicou que em causa estão "manobras" dentro do hospital para forçar aqueles profissionais a atender também doentes externos, quando apenas deveriam atender os doentes internos ou os que entram e precisam de uma cirurgia urgente, uma vez que as equipas "estão reduzidas ao mínimo".
Uma situação que, acrescentou, resulta da manifestação de indisponibilidade de muitos cirurgiões para a realização de mais do que as 150 horas extraordinárias obrigatórias por lei.
"Os últimos 15 dias têm sido de uma pressão brutal", apontou Susana Costa, sublinhando os "riscos" que a situação acarreta, tanto para os doentes como para os profissionais.
Segundo Susana Costa, uma cirurgiã do Hospital de Braga já meteu baixa e outros dois profissionais estão em vias de o fazer, "por não aguentarem mais".
Contactada pela Lusa, a administração do Hospital de Braga, em resposta escrita, disse que, até ao momento, foram apresentadas 27 manifestações de indisponibilidade por parte do Serviço de Cirurgia Geral para a realização de mais do que as 150 horas extraordinárias a que estão obrigados por lei, "o que condiciona a elaboração da escala de urgência".
"No sentido de garantir o atendimento aos utentes do Hospital de Braga, particularmente das situações urgentes e emergentes, foram dadas indicações aos médicos para que a equipa que se encontra de urgência acorra às solicitações que lhe forem efetuadas, quer do internamento, quer do serviço de urgência, apenas na estrita medida da prioridade clínica e não com base no local onde o doente se encontra".
Sublinha que o objetivo é "não colocar em risco o atendimento aos utentes prioritários". .
Diz ainda que, até ao momento, não foi entregue qualquer pedido de baixa por parte dos profissionais do Serviço de Cirurgia Geral. .
"O Hospital de Braga informa, também que, a única atividade programada que foi suspensa até ao momento foi a atividade de produção adicional, que decorre fora do horário normal dos médicos e é paga à unidade, precisamente para não sobrecarregar mais os médicos em causa", acrescenta a resposta.
Uma posição que não convence os Médicos em Luta, que reiteram que, com a atual situação, "não há segurança nenhuma para os doentes", continuando os cirurgiões a ser "bombardeados com responsabilidades que não lhes cabem".
Para Susana Costa, continuam a dar entrada no Hospital de Braga doentes que deveriam ser encaminhados para o S. João, no Porto, por não carecerem de cirurgias urgentes.
"Os médicos são muito resilientes mas não se lhes pode exigir milagres", rematou.