O Governo português "lamenta bastante" a saída dos EUA do acordo nuclear com o Irão, mas espera que esta seja "compensada" pela determinação dos restantes signatários de manterem a sua posição, afirma o ministro dos Negócios Estrangeiros.
"Lamentamos bastante a decisão dos Estados Unidos. Nós, Portugal, e a União Europeia tudo fizemos para convencer os nossos amigos americanos a não darem este passo", afirmou Augusto Santos Silva.
O Governo português vê o acordo como "um instrumento positivo", com o objetivo de "impedir que o Irão chegue à produção de armas nucleares próprias", referiu o governante.
O chefe da diplomacia portuguesa advertiu que a decisão dos EUA, anunciada esta terça-feira pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, pode ter consequências negativas, nomeadamente o "isolamento iraniano e o enquistamento ainda mais intenso do regime iraniano", bem como uma "escalada da conflitualidade que hoje já é evidente no Médio Oriente".
Consequências que, para o Governo português, podem ser mitigadas se os restantes signatários do acordo nuclear "mantiverem a sua posição".
"Esperamos que esta saída dos Estados Unidos seja compensada pela determinação das restantes partes signatárias do acordo no seu cumprimento", sublinhou Santos Silva.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, subscreve a tomada de posição do Governo.
"O Presidente da República subscreve plenamente a posição do Governo, tornada pública esta tarde, sobre a decisão do Presidente dos Estados Unidos da América de retirada unilateral do acordo nuclear com o Irão", refere uma breve nota divulgada no sítio oficial da Presidência da República.
O Presidente Donald Trump anunciou hoje que os Estados Unidos abandonam o acordo nuclear assinado entre o Irão e o grupo dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha.
O acordo foi concluído em julho de 2015 entre o Irão e o grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - EUA, Rússia, China, França e Reino Unido - e a Alemanha) e visa, em troca de um levantamento progressivo das sanções internacionais, assegurar que o Irão não desenvolve armas nucleares.
Conseguido depois de 21 meses de duras negociações, o acordo foi assinado, por parte dos Estados Unidos, pelo antecessor de Trump, Barack Obama.
[notícia atualizada às 23h03]