O antigo Chefe do Estado Maior do Exército, General Pinto Ramalho, que integrou a delegação portuguesa na NATO, diz à Renascença que os meios de resposta à Rússia não estão a ser eficazes e que “temos de uma vez por todas mostrar que nos queremos defender e dispostos a pagar esse preço”.
O Ocidente, a Aliança Atlântica e os europeus, segundo o general, “têm de ter a perceção de que têm de mandar mensagens muito concretas daquela que é a sua determinação em se defenderem”.
“Não podem apenas dizer que a Ucrânia não é um país da NATO e não intervimos. Temos de dar um sinal de que estamos dispostos a tudo para nos defendermos”, enfatiza o ex-chefe do Estado Maior do Exército.
Questionado sobre se as sanções aplicadas à Rússia são pouco, o General Pinto Ramalho afirma que os europeus não podem ser ambíguos nessa matéria. “Temos de dizer claramente à Rússia de que estamos dispostos a pagar o preço que for necessário para nos defendermos”, repete.
O militar defende que a ideia de Putin é a de criar um “estado favorável e tampão da NATO” com a Ucrânia.
Em relação à possibilidade de Putin usar a Ucrânia para transferir ogivas nucleares e ameaçar o Ocidente, acredita que esse seria um ato “provocatório e extremamente grave”. “Não quero acreditar que esteja no pensamento de Putin”.
Já em relação ao apelo do presidente russo para que os militares ucranianos tomem o poder e deponham Zelensky, o General Pinto Ramalho diz que as declarações de Putin “fazem sentido”, porque houve a preocupação de decapitar as chefias das forças armadas para que a resistência fosse o menor possível.
“Neste momento, ele está a pôr em causa o poder político e dirigindo-se às forças armadas na perspetiva de criar uma alteração do poder político, eventualmente com uma junta militar que indiscutivelmente do ponto de vista de Putin é mais fácil, e um instrumento mais rápido para estabilizar a situação até internamente. Ainda com a agravante de poder ele poder dizer que o poder caiu por dentro”, adianta.