Os deputados do partido Chega abandonaram, esta terça-feira, a reunião plenária da Assembleia da República, após uma interpelação de André Ventura acerca de alegadas agressões na manifestação pela habitação que ocorreu em Lisboa, no sábado passado.
Um dia depois de anunciar uma participação ao Ministério Público, o presidente do Chega protestou, no início do plenário, contra a falta de condenação de Augusto Santos Silva face aos “murros na cara” e “pontapés” de que foram alvo, diz, os deputados do partido na manifestação pela habitação.
Augusto Santos Silva respondeu que “a violência é sempre condenável” e acrescentou: "Todos temos o direito a organizar as manifestações que entendermos, a apresentar os livros que entendermos, independentemente do seu conteúdo.”
O presidente da Assembleia da República referiu, no entanto, que, “para que a convivência democrática se possa estabelecer e decorrer com a normalidade que a Constituição e a lei requerem, é também necessário que nos abstenhamos de atos de provocação”, respeitando “as manifestações cujos promotores, cujas motivações e cujos objetivos estão muito distantes dos nossos”.
“É isso que distingue o discurso e o debate democrático do discurso e do debate que vivem apenas da criação artificial de incidentes e da apologia do ódio, porque o ódio é o contrário do debate democrático”, apontou Santos Silva.
Em resposta, André Ventura afirmou que um deputado do Chega foi convidado para a manifestação e que não reconhece Augusto Santos Silva como presidente da Assembleia da República.
A discussão teve lugar no início da reunião plenária, marcada para as 15 horas, e terminou alguns minutos depois. Porém, o líder do Chega já tinha na agenda uma visita a Campo de Ourique, acerca do descontentamento provocado pela nova estação do Metro de Lisboa.